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Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

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9ª História com Gato Dentro

 

Aqui fica a 9ª e penúltima história que nos chegou, enviada pela Sacha.

Parte dela é real, apenas tendo sido modificado o nome dos gatos e a ordem de como os dois terão lá ido parar.

 

"Lar-hospital

Não havia forma de petrificar aquele gato de cor de mel, com nuances bege. Lavava-se no silêncio da sala de espera, deitado sobre uma cadeira almofadada. O silêncio era tal, que se podia ouvir o atrito do áspero da sua língua contra o seu pêlo comprido.

De repente, entrara um cão. A seus olhos tratava-se de uma criatura enorme à qual não devia dar confiança e, principalmente, mostrar medo. Parou o seu banho, ao ouvir aquela criatura enorme e felpuda, com olhos de azeitona e focinho manchado, a latir da forma agressiva à qual estava já acostumado a ouvir.

A dona, com a trela curta, tentava acalmar o seu fiel amigo, sem sucesso. Wagner, voltou ao seu banho, não mostrando qualquer mecanismo de defesa, mostrando-se sereno ao latir ensurdecedor daquele cão.

Àquela hora e altura do ano, o Hospital Veterinário costumava estar cheio de gente que pretendia reservar o Hotel - para gatos e cães, - de forma a que pudessem ir de férias descansados. Wagner não estava ali de férias. Aquela era a sua residência, o seu lar. Ele gostava daquele lar. Todas aquelas salas lhe pertenciam: a zona dos animais internados, os consultórios dos médicos veterinários, a sala de espera e o jardim do Hospital.

Wagner estaria lá desde o dia em que a sua dona o levara até lá, para o Hotel. A situação não fora suspeita. Era habitual naquelas alturas vários donos de animais irem lá fazê-lo. Começou a ser suspeito quando, passado um dia da dona o ir buscar, como acordado, a mesma não atender o telefone. Concluindo, Wagner teria sido abandonado… num Hotel de um Hospital Veterinário.

Não podemos de todo queixarmo-nos do local que tal criatura escolheu para o abandonar. Mas tal como nós, pessoas, os gatos estabelecem laços, sendo que Wagner teria o seu próprio laço com a sua dona. A partir daí a sua vida mudou.

Foi retirado do hotel e colocado na sala de espera do Hospital Veterinário. Os sofás passaram a ser cadeiras almofadadas – às quais já não conseguia afiar as suas garras, pois ali eram aparadas pelos humanos de bata branca, - os quartos passaram a ser consultórios e os seus donos, eram pessoas de bata branca, com um ar muito amável, assim como a senhora da recepção, que lhe dava muita conversa.

No início, Wagner estava assustado, tal como qualquer um de nós estaria, ao ser abandonado por pessoas que ele próprio, veria como família. Demorou cerca de quatro a cinco meses para que a confiança com aqueles estranhos fosse estabelecida. Não terá sido de todo fácil, adaptar-se àquele ambiente, que, aos olhos de um gato, deveria parecer um mini-zoo.

Apesar de tudo, foi-se habituando aos visitantes, não mostrando qualquer medo ou ânsia. Pode-se dizer que ali se sentia protegido e amado. Chegou o dia em que outro gato, Helton – de pelo preto e olhos verdes, lhe viria a fazer companhia. Qual o motivo? Pois… terei mesmo de explicar? Abandono.

Mais uma vez, abandono. Desta vez, abandonado após ter ficado doente. Desde logo, Wagner tentava criar afinidade com Helton, mas este, assustado, permanecia escondido em pequenos compartimentos escuros, longe das luzes das salas.

Tal como Helton, levou o seu tempo a adaptar-se, vindo, um dia mais tarde, a ser um grande companheiro de Wagner. Parte desta narrativa, é real. Wagner e Helton são uns grandes e lindos amigos de quatro patas num Hospital veterinário, vítimas de abandono. Nesse hospital é sempre possível ser recebido de uma forma acolhedora, ao senti-los virem a nossos pés, para pedir carinho. E tu? Como te sentirias ao ser abandonado por alguém que vias como o teu humano favorito? Que em tempos cuidava de ti e parecia nunca ser capaz deste acto frio e atroz? É difícil imaginar, não é?"

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