Casos reais #1 - O Refilão
Depois de a Joana ter dado o "pontapé de saída", com o seu vídeo sobre o Snoo, chega-nos o primeiro caso real, enviado para a nova rubrica do Clube, pela Sofia, a quem desde já agradecemos pelo testemunho!
O Refilão:
"Olá a todos os amantes de gatos!
Hoje quero falar de uma gatinho que foi, e é, muito especial, para mim, e restantes donos. Ele chama-se Refilão.
O Refilão é um gatinho de rua, um gatinho abandonado, que estava aqui nas redondezas. Ele atravessava a rua de um lado para o outro, a ver se alguém lhe dava comida, até que apareceu aos meus pés, deitou-se de barriga para o ar, e pediu-me comida. Eu dei.
E todos os dias, ele aparecia para comer, e com ele vinha os amiguinhos dele. Ele era considerado o chefe, todos os respeitavam, e adoravam-no, ele recebia sempre turrinhas dos amiguinhos.
Por vezes e por pensarmos que todas as pessoas gostam e respeitam os animais (mas afinal estava enganada) eu deitava comida e eles ficavam a comer.
Mas, uma certa noite, quando chego e saio do carro para a rua, para lhe dar comida, qual não é o meu espanto, quando vejo o sítio onde ele comia todo molhado, em pleno verão, e com um cheiro tão característico, que era impossível de me enganar.
Cheirava a lixivia, lixivia pura.
O Refilão também cheirava a lixivia. A lixivia caiu em cima dele. E perguntam vocês, quem fez isso? Eu digo-vos: foi o meu vizinho de cima, o mesmo que deitava o prato de comida para o lixo, só para os animais não comerem. Eu até tinha o cuidado, para deixar que o sítio onde colocava a comida, ficasse limpo.
E foi no dia a seguir que pedi para ficarmos com ele, para o tirarmos da rua.
Nesse dia fomos com ele à veterinária para fazer o teste do FELV e FIV mas, infelizmente, deu positivo, e não pode ficar cá em casa, por existirem outros saudáveis.
Ele tinha asma e era velhinho. Isto foi no verão de 2017.
Mas foi para junto de outros, numa outra casa, onde fez novos amigos e, de vez em quando, saía à rua para apanhar sol. Adorava ir afiar as unhas à sua árvore preferida. Deitava-se de barriga para cima ao sol, e também para lhe fazer festinhas. Sabia que ali era a sua casa, porque punha-se à porta para entrar!
Ele constipava-se muito facilmente e portanto, não o deixava vir sempre que ele queria, porque às vezes, o tempo não estava propicio para isso.
No dia 20/11/2018, às 11 horas, liguei para a médica que o seguia, mas ela não atendeu. E eu via que ele não estava bem, estava muito aflito. E não tive outra alternativa, senão levá-lo às urgências do Hospital Veterinário.
Quando a Dra. o consultou, ela só dizia: este gato está a morrer, vocês só me trazem aqui já na última.
Fiquei em pânico, e as palavras da Dra. não me saíam da cabeça. Ainda hoje estão cá gravadas. Mas contra todas as probabilidades, ele venceu esta batalha. Depois de alguns dias internado, voltou para casa, já nem parecia o mesmo.
E a Dra. que o seguia, só ligou era 15h, desse mesmo dia, mas já não precisávamos dela, ele estava em boas mãos.
No dia 05/01/2019, ele teve que ir ao Hospital de novo.
Estava com a perna inchada e mancava. Foi visto outra vez pela mesma Dra. que o salvou da 1ª vez.
A perna dele estava roxa, começou a tomar em casa, antibióticos, e anti-inflamatórios, mas aquela perna nunca desinchou, muito pelo contrário, ficou ainda mais inchada.
A Dra. pôs a hipótese de se ter magoado. Todas as semanas ia buscar a medicação para ele, mas o braço começou também a ficar inchado. No dia a seguir, tinha voltado ao normal, e fiquei contente, pensei que estava a melhorar mas, para minha desilusão, a outra perna também já estava inchada.
Levámo-lo à DRA, e a primeira perna que estava inchada, ele ultimamente já só arrastava, e estava fria, já não a sentia. Nesse dia a Dra. disse podia ficar assim com os 4 membros.
No dia 30/01/2019, pegou-se nele ao colo, e trouxemos ele para a rua. Ficou sentado em cima em cima de um resguardo, olhava à sua volta, ainda quis comer umas ervinhas, e a seguir purgou-se.
Já não foi a correr para a sua árvore preferida.
Nesse dia tivemos que ligar à Dra., porque ele já não conseguia fazer as suas necessidades. O inchaço era de tal maneira, que já estava a apertar os órgãos, e já não deixava os mesmos funcionarem.
Para meu grande desgosto, nesse dia, tive de tomar uma decisão, uma decisão que custou-me imenso, mas não podia ser egoísta, ao ponto de querer ver o Refilão todos os dias, quando já sabia que ele estava a sofrer.
Então, lá fomos outra vez à Dra., para não prolongar mais o sofrimento do Refilão. A Dra. deu-lhe um sedativo para ele ficar mais calmo, mas uns minutos antes de ser administrado o mesmo, ele deitou-se e deu turrinhas.
Enquanto ele estava nos sonhos dele, eu acariciava-lhe a cara, e via-o respirar.
Mas, depois, veio o que custou mais, e só durou 5 segundos, que ao fim de 5 segundos o sofrimento dele acabou.
Enquanto o acariciava na cara disse-lhe baixinho. ”Deus não dorme e o culpado irá ter o pago. Desculpa Refilão. Até já!”
O Refilão estava destinado a ir para casa, mas não pode ir.
Mas foi, aliás veio para casa dia 09/02/2019. Ele foi cremado, e assim continuará nas nossas vidas, para todo o sempre.
Quero prestar esta homenagem ao nosso Refilão.
Já estás em casa! Bem-vindo Refilão. Amar-te foi fácil, esquecer-te é difícil Refilão.
P.S
Nos primeiros dias ouviste chamar-te Figurão, mas tinha alturas que olhava para ti, e não me lembrava o nome que te tinha posto. Então disse Refilão, mas sabia que não era assim, mas assim ficaste. De Refilão não tinhas nada, eras o gato mais doce que conheci até hoje.
Quero também agradecer à Dra. que o tratou, que fez por ele o melhor que pôde e sabia. Foi uma excelente profissional. Um obrigada nosso, e outro do Refilão. Bem haja Dra.!"