Já chegava, não?
Primeiro, a D. Tica resolve viajar definitivamente para o paraíso.
Depois, a D. Becas lembra-se de passar uma temporada no Hospital Veterinário e atazanar os médicos.
Agora, foi a vez de a Amora nos pregar um susto e decidir que também quer experimentar a estadia neste "hotel", nem que seja por uma noite.
Já chegava, não?
Eu sei que o hospital é muito bom, e que os médicos e enfermeiros são muito profissionais e simpáticos, mas não quero passar lá a vida.
Em meia dúzia de meses, já fui mais vezes a correr para o veterinário, do que nos três anos que tivemos a Tica. Por isso, meninas Becas e Amora, deixem-se dessas coisas que eu já não posso ver hospitais à frente! E a minha carteira também não.
Depois do que já passámos, apanhei ontem mais um enorme susto com a Amora. A minha filha esteve com ela até meio da tarde, e ela esteve sempre bem. Como tem estado nestes 5 meses.
Quando chegámos a casa, vinha a Becas e a Amora a correr para a porta, como habitual. Mas, quando a minha filha pega nela, a doce, meiguinha e querida Amora, mia bem alto (de uma forma estranha), tenta sair do colo dela, e foge para debaixo da cadeira da cozinha.
A Becas, preocupada, vai ter com ela, tenta fazer-lhe uma festinha mas a Amora volta a miar e espanta-a. Tento acalmá-la e tirá-la lá de baixo. Pego nela, ela volta a miar, como se se estivesse a queixar com dores, mas fica no meu colo, muito quieta.
Sempre que lhe tocámos, queixava-se. Deitei-a no colo da minha filha, tentei ver se tinha alguma ferida na barriga ou pescoço, mas nada. Começa a abrir a boca, e fica o tempo todo de boca entreaberta ou mesmo aberta.
Liguei para o hospital, disseram-me que poderia estar com problemas em respirar e seria melhor levá-la para observação. O meu marido não estava em casa, já ia mesmo chamar um táxi porque a gata não estava nada bem, mal se mexia, mal abria os olhos, e miava de vez em quando.
O meu marido, entretanto, chegou e a Amora, ou porque nos ouviu falar que íamos ao veterinário,ou porque ela própria nos estava a pedir para ir, saiu do colo da minha filha e foi directamente para a transportadora! São tão inteligentes estes animais.
Pelo caminho, reparámos que tinha qualquer coisa a sair-lhe pela boca. Entrou como urgência, o médico analisou-a, mas não chegou a nenhuma conclusão específica.
Estava com febre de 40º. Não deixava ninguém tocar-lhe na boca, e estava mesmo a ficar uma fera quando o veterinário lhe abria a boca para observar. Aparentemente, estava tudo normal, e a febre pode ser causada por vários motivos diferentes, que não há como saber.
Fizeram algumas análises ao sangue. Os valores também estavam dentro dos parâmetros.
A única explicação mais plausível será, devido ao seu problema neurológico, ter tido uma convulsão, e estar na fase pós-convulsão. E, durante a mesma, ter batido em algum sítio com a boca. De qualquer forma, acharam que seria melhor ela ficar lá durante a noite, em observação, para ver se descobriam mais alguma coisa, e como é que ela evoluia.
Uma pessoa não quer andar sempre a recorrer ao veterinário, por qualquer coisinha, mas a verdade é que, por muito que saiba sobre gatos, percebo que não sei nada. E fico muito mais descansada sabendo que a Amora está vigiada por profissionais, do que em casa. Ficou então decidido deixá-la lá por uma noite.
Enquanto pagávamos a consulta, o veterinário esteve a fazer uns Rx's e não detectou nada, mas percebeu que tinha um canino partido, e noutro lado a gengiva com sangue, o que sugere, de facto, que terá batido em algum lado. Mas, como ele disse, continua com dois sintomas que, à partida, não encaixam.
E o que é certo é que não sabemos ao certo qual é o problema neurológico da Amora, a sua origem ou causa, nem o que pode implicar. Para isso, teria que fazer um exame específico e caríssimo, para que pudessem estudar o caso. Alguns gatos com problemas neurológicos podem ter quadros frequentes de convulsões, e não sabemos se será o caso da Amora. Se foi mesmo isso que aconteceu, terá sido a primeira vez.
Entretanto, a veterinária de serviço já nos ligou a dar boas notícias - a febre baixou, já deixa tocarem-lhe na boca, e não tem nada a ver com o seu estado de ontem. Mas, pelo sim, pelo não, consideraram melhor irmos buscá-la só ao final do dia,para ver como ela passa estas horas. O que é melhor, já que ninguém está em casa.
Quem não achou piada nenhuma a isto foi a Becas, que correu a casa toda e todos os cantinhos possíveis à procura da Amora, e farta-se de miar como se estivesse a perguntar o que fizemos à sua amiga e companheira!