O prometido é devido...
Apresento-vos as minhas Bichanas Reais... Naná Farranecas e Lola Catola!
A branca e a preta, ou a noite e o dia como o marido lhes chamou no dia em que chegaram.
A Lola:
(Apanhada a sair da toca...)
Numa zona cheia de gente "da rua" parece que alguém se andou a divertir cortando as orelhas e queimando com pontas de cigarro uma gata prenhe mas muito meiga que por ali andava. Valeu à gata vadia uma senhora que ali vivia, que a recolheu e a levou à veterinária descobrindo assim que tinha "presente surpresa". A senhora adopta a gata mãe e com a ajuda da veterinária arranja donos para os filhotes. É assim que chega até nós a Lola, uma gata completamente branca, de olhos amarelos e nariz cor-de -rosa, que não gosta de colo, que não sabe usar as unhas pois prende-as em tudo e a todos, que gosta de roer fios eléctricos ao ponto de disparar o quadro, e que espuma pela boca como o cão cá de casa quando a levo ao senhor doutor. Também fala com os pássaros numa linguagem só dela e que a nós muito nos diverte. E gosta de mimos na barriga e nas orelhas em cima da mesa da cozinha...
A Naná:
(O lavatório da casa de banho é fresquinho)
Eu e ela apaixonamos-nos uma pela outra. Antes de eu decidir que a traria comigo já ela tinha decidido que eu havia de ser a sua dona... Foi abandonada à porta do consultório com mais dois irmãozinhos bebés quando ainda mamavam. A Dra.. Suzana Ferreira alimentou-os como fazia com todos os que lá iam parar e arranjava-lhes donos. Acontece que a Naná é preta e a Dra. não estava disposta a dar uma gata preta a qualquer pessoa por causa de toda a superstição associada aos gatos pretos. Há por aí muita gente má... Eu tinha passado toda aquela semana no veterinário pois tinha o meu gato preto, o Saltas, com uma crise renal grave. Sempre que eu lá ia, assim que me apanhava sentada na cadeira, a ex-Alberta vinha embrulhar-se nos meus cabelos na altura longos e brincar com os meus caracóis. Tentava agarrar-me os brincos e fazia ronrom no meu ouvido. E houve um dia em que o Saltas não voltou comigo para casa e eu sai destroçada de lá. Voltei dias depois para ir buscar a Lola e pagar a minha dívida: Tanto a Lola como a Naná vieram cá para casa nesse mesmo dia. Enquanto esperava pela minha vez lá estava a Alberta a namorar-me... A ajudante da Dra. disse-me na brincadeira "Só leva a branca se levar a preta...", "Não posso...", respondi-lhe eu, "... o marido põe-me fora de casa se lhe apareço lá com duas gatas..." Mas o que é certo é que sai de lá com duas bichanas, a Lola dentro da gateira, e a Alberta, agora Naná, debaixo do braço.
Cada uma tem a sua tara: a Lola como já vos disse rói fios eléctricos e enfia-se dentro de tudo, desde sacos a caixas, sem esquecer as mochilas da Rita e diverte-se a personalizar os pés das suas Barbies. A Naná gosta de dormir connosco, rói as alças dos sacos de ráfia e personaliza todas as nossas Crocks e chinelos. Não gosta de estar sozinha e adora enrocar-se com a dona no sofá.
Já lá vão 7 anos. A minha filha tinha cerca de ano e meio quando elas para cá vieram. São as gatas dela, a Lola é mais a gata do marido porque é apaixonada pelos mimos do Dono, a Naná é a minha gata, a gata-cão, onde eu estou ela está também. Sem elas o nosso dia não teria a mesma cor...