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Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

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Pior que a ida para o veterinário, só mesmo a vinda do veterinário

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Foram apenas um dia e uma noite que a Becas passou no hospital veterinário.

Mas se achámos que o seu internamento seria o mais stressante, enganámo-nos.

O regresso a casa, está a ser bem pior.

 

E porquê?

Porque ela vem stressada, de todas as "maldades" que lhe fizeram no hospital.

Porque ainda vem sob o efeito da sedação que tiveram que fazer, para poderem levar a cabo os exames.

Porque esteve aquele tempo todo num ambiente estranho, com pessoas que não conhece, e animais que não conhece, e ainda não se habituou a estar na sua casa novamente.

 

Por isso, a Becas saiu daqui murcha, quase sem reacção, e voltou uma fera no lugar dela, a bufar, a assanhar-se, não só para a Amora, como também para os donos, mal estes se chegam ao pé dela.

Pior, não controla o acto de urinar, e então fá-lo onde calhar. Fê-lo a caminho de casa. Fê-lo em casa. 

Está toda molhada. Vai ter que ser lavada. Mas nem deixa ninguém aproximar-se. Quanto mais limpá-la.

 

Ainda vem com a compressa na pata. 

Que, se não tirar sozinha, temos que ser nós a tirá-la. Não sei bem como. Porque ela não permite aproximações, quanto mais toques.

A médica diz que é normal. Que passa ao fim de umas horas. Mas se não passar, para ligar para lá.

Acho que a última coisa que qualquer um de nós quer é voltar a levá-la ao hospital.

 

Quanto ao problema que a levou ao médico, depois de ter estado este tempo todo a soro, melhorou. E as suspeitas de que teria um corpo estranho dentro de si, tendo que ser operada, não se confirmaram.

De acordo com a médica que nos ligou à noite "A Becas está bem, já não está nauseada, não vomitou enquanto cá esteve, não tem nada".

Por isso, não percebo o porquê de vir com medicação, para fazer durante 5 dias.

Como se alguém lhe conseguisse enfiar, da maneira que ela está, alguma coisa na boca.

Enfim...

 

De uma coisa ficámos certos.

Apesar da confiança que temos nos médicos daquele hospital, os actuais em nada correspondem ao profissionalismo de alguns que já nos atenderam das primeiras vezes.

Querem que os donos se transformem em auxiliares, porque eles têm receio de tocar nos animais e, tudo o que os donos puderem fazer, melhor.

E nunca vi, das várias vezes em que trouxemos uma das bichanas para casa, depois de lá ter estado, uma delas vir no estado em que a Becas veio.

Não só a nível de comportamento, mas também de higiene.

 

Agora, ficamos com a parte mais difícil, que é lidar com o pós internamento, sem a vantagem que eles tiveram, de poder manuseá-la sem ela resistir.

 

É preciso respeitar o tempo e a vontade dos gatos

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Os gatos são animais com uma personalidade muito própria.

Parte dessa personalidade já nasce com eles. Mas, acredito, uma boa parte vai-se formando e desenvolvendo à medida que crescem, e consoante o ambiente em que crescem.

A Mia, de quem já falei aqui algumas vezes, é das poucas gatas aqui da rua a quem nunca me atrevi a fazer festas.

Uma vez, vi a dona a fazê-lo, e a gata a assanhar-se para ela. O meu marido também tentou, uma vez, e foi arranhado.

Eu, de cada vez que aproximava a mão, de frente para ela, ainda esta estava a alguma distância e já a Mia se punha a miar, com ar de poucos amigos. Como se temesse a mão. Como se aquele simples gesto significasse, para ela, algo mau, um comportamento que ela associa a perigo para ela.

 

Por isso, deixei-a estar.

Apesar disso, e porque algumas vezes até se punha a rebolar aos nossos pés, sempre pensei que, apesar do seu feitio, talvez, se tivesse sido criada por outras pessoas, ela se tivesse tornado uma gata menos defensiva, desconfiada. 

 

De há uns tempos para cá, ela anda mais na rua que em casa. E vem várias vezes comer à nossa porta, quando, antes, nem punha cá as patas. Uma vez, até entrou em casa. Teve que o meu marido pô-la na rua, pegando nela como as mães pegam os filhotes, para a imobilizar sem a magoar, e sem se magoar. Continua com o seu feitio desconfiado. Por vezes, quando nos vê a sair de casa, afasta-se.

Fê-lo no outro dia. Mas baixei-me, agitei a caixa da ração e ela voltou. Roçou-se nas minhas pernas. Com ela de costas, fiz-lhe duas ou três festinhas, e não reclamou.

O que me dá força à minha teoria de que, talvez, noutro ambiente, com outra atenção e mimos, apesar de tudo, fosse uma gata mais meiga.

 

Ainda assim, é preciso respeitar o tempo e a vontade dos gatos.

Nem todos gostam de colo.

Nem todos gostam de festas.

Nem todos gostam que andemos atrás deles.

Nem todos são iguais.

E isso não quer dizer que, quando assim o desejem, não se cheguem eles até nós, não permitam um carinho, não se sintam bem com a nossa atenção.

Mas têm que ser eles a decidir.

A esterilização/ castração de um gato é sempre igual?

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Já aqui falámos sobre esterilização/ castração, nomeadamente, idade aconselhável e benefícios que trazem, relativamente a outros métodos.

No entanto, a questão que coloco hoje, após ter tomado conhecimento da morte de um gatinho bebé por complicações relacionadas com a esterilização em idade precoce e falta de cuidados, está relacionada com o tipo de procedimento adoptado pelos médicos veterinários/ clínicas, no que respeita, não só à própria esterilização/ castração dos gatos, como aos cuidados pré e pós cirurgia.

 

 

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Sabemos que esterilizar/castrar gatos de rua, pertencentes a colónias, exigem (ou assim o dizem os entendidos) uma forma de actuar mais rápida, uma vez que são, na sua maioria, gatos silvestres, que não gostam de contacto com os humanos para além do necessário. Daí que o programa CED - Captura Esterilização Devolução, implique uma actuação mais acelerada, garantindo que os gatos são esterilizados, e ficam minimamente bem num curto período de tempo, devolvendo-os à colónia sem grandes riscos para a saúde, tendo em conta o ambiente em que vivem. A partir daí, vão sendo vigiados nas visitas à colónia. 

 

Em contrapartida, um gato de casa terá mais tempo para recuperar dessa cirurgia, um ambiente mais favorável à cicatrização, e um acompanhamento por parte dos donos e médicos mais prolongado.

 

Por norma, as esterilizações através das associações, tanto de gatos para adopção como os de rua, são feitas com base num método diferente (pelo flanco) daquelas que são feitas nos hospitais/ clínicas aos gatos com dono (linha média), cada um com as suas vantagens e desvantagens (ver estudo aqui).

 

De acordo com a duração total de ambos os procedimentos, a aproximação pelo flanco foi significativamente mais rápida (p= 0,012).

Relativamente ao tamanho final médio da incisão, no flanco foi significativamente mais curto (p= 0,001).

A grande desvantagem da aproximação pelo flanco foi a fraca visibilidade do interior da cavidade abdominal, com consequente aumento das complicações intra-operatórias, tendo sido registado um caso de hemorragia por perda de um pedículo ovárico. Para além disso, a incidência de complicações pós-operatórias foi mais elevada nesta abordagem, onde se detectaram 4 casos. Na linha média houve registo de apenas uma gata com complicação pós-operatória.

 

Tendo em conta que é apenas um estudo, ainda assim parece indicar-nos que o segundo método acaba por ser uma melhor escolha, embora com o primeiro também possa correr tudo bem.

 

 

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Será, então, com base na rapidez de todo o processo que está a base para essa escolha? Ou o factor monetário também terá influencia?

Parece-me que a ovariohisterectomia através da linha média acaba por ser um pouco mais dispendiosa. Se os gatos têm um dono que quer o melhor para eles, pode optar pelo mesmo, pagando o que for preciso. 

Por outro lado, os gatos de rua são gatos de ninguém. Os gatos de estão nas associações (estas próprias vivendo de ajudas) são gatos ainda de ninguém. As clínicas/ veterinários, dada a parceria com a associação, cobram um valor muito mais barato pela cirurgia, pelo que é provável que, na hora de operar, optem pelo método mais barato também. 

 

E a idade?

Qual a idade certa para submeter o gato a este tipo de cirurgia? 

Há quem aconselhe aos seis meses, há quem o faça antes, há quem diga que deve ser feita antes do primeiro cio (que por vezes ocorre aos 4 meses). E se, em gatos caseiros, o perigo não é grande, em termos de ninhadas surpresa, o mesmo não se pode dizer de gatos de rua, que não conseguimos controlar. Neste caso, ainda será preciso fazê-lo mais cedo, porque um erro de dias pode resultar num aumento da população felina.

 

 

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E quanto aos cuidados pré e pós cirurgia? Que cuidados tem um médico veterinário para com os vários gatos que as associações levam para esterilizar, tendo em conta que o processo tem que ser rápido?

Pela minha experiência, no que respeita às nossas gatas, o veterinário fez análises e exame geral para verificar se elas estavam bem e saudáveis, caso contrário, não poderiam seguir para cirurgia. Após a cirurgia, foram acompanhadas durante cerca de uma semana e meia/ duas semanas, para ver como evoluía a cicatrização,e se não havia complicações. Foi aconselhada aplicação de pomada, foi trocado o penso, limpa a cicatriz.

Serão também estes cuidados aplicados aos restantes animais sem dono? Ou a urgência na devolução ao habitat natural impede os mesmos?

 

Terão afinal,os animais, neste caso os gatos, direitos iguais, independementemente da sua condição, ou existe diferenciação na forma como são feitas as cirurgias, e no tratamento que lhes é aplicado, com clara desvantagem para os gatos de rua, comparativamente com os de casa?