Notícias da Colónia de Santo André - programa CED
Sabem quando os nossos filhos vão ao médico e, a determinado momento, os médicos pedem aos pais para saírem, quando é necessário fazer alguns procedimentos, porque sabem que a sua presença ao pé dos filhos vai dificultar mais do que ajudar?
Uma vez, fizeram-me isso, quando tiveram que costurar o dedo à minha filha, porque se eu lá ficasse, ela ia estar fazer um filme. Acho que da minha parte, conseguia aguentar. Já tinha visto pior, quando ela era bebé e lhe tiraram sangue na cabeça, por isso...
Pois que, com os animais, neste caso, os gatos, acontece o mesmo.
Mas, neste caso, sou eu a primeira a afastar-me!
Sou uma piegas, a quem muitas coisas fazem confusão e, assim, prefiro não ver, nem estar por perto.
Uma leitora do nosso blog viu, há uns meses, um post sobre a Colónia de Santo André, e quis dar o seu contributo para a esterilização desta colónia.
Antes, já eu tinha tentado entrar em contacto com algumas associações do concelho, mas sem sucesso, porque eram pedidas madrinhas que suportassem os custos.
Desta vez, haveria a possibilidade de ser sinalizada pela Câmara Municipal de Mafra e, quem sabe, ser objecto do programa CED.
Forneci as informações necessárias. A dita leitora do blog fez os contactos e inscrição da colónia. Ficámos a aguardar.
Confesso que essa decisão de contactar as associações, na altura em que fiz os primeiros contactos, foi feita sob dúvidas e algum egoísmo da minha parte também.
Por um lado, era importante controlar a colónia e evitar as ninhadas constantes. Por outro, tinha receio que os levassem, e deixasse de os ver.
Por um lado, pensava que, se encontrassem uma família que os adoptasse, teriam uma oportunidade de ser felizes. Por outro, questionava-me se não seriam mais felizes ali, na colónia, onde cresceram.
E foi com essas dúvidas e egoísmo que, quando me contactaram a dizer que iam começar o programa, mais uma vez, hesitei, antes de dar todas as indicações necessárias, marcarmos o dia e me oferecer para estar presente.
Nunca tinha visto, ao vivo, o procedimento de captura dos animais, embora tivesse uma ideia de como funcionava.
Foram colocadas as armadilhas nos locais onde eles costumam comer ou estar, e era preciso esperar que eles fossem aparecendo, e caindo nas armadilhas.
Dificultou o facto de não responderem ao meu chamado, de não virem ter comigo e de não terem horário certo para se alimentar.
No dia antes da captura, deve ser retirada a ração, para que eles tenham fome e seja mais fácil irem até à armadilha, onde os espera alguns petiscos ou ração, que pode funcionar em modo automático, ou manual.
Uma vez dentro da armadilha, esta é coberta com uma manta, e trazida para ao pé da transportadora, também ela coberta, para que, ao abrir a porta da armadilha, o animal entre logo na transportadora, sendo esta colocada no transporte da associação.
E assim se vai repetindo o procedimento, até serem levados para o local onde vão ficar a aguardar a vez de ir a cirurgia e, mais tarde, em recobro, antes da devolução à colónia.
Ora, este é um procedimento corriqueiro, habitual, que em nada magoa os animais e, no fundo, feito para o bem deles mas...
Só conseguia pensar: este é o local onde se sentem seguros, onde sabem que têm alimento e, agora, sempre que ali forem, vão associar alimentação a captura; como será que eles se devem estar a sentir, ao ficar, de repente, presos numa armadilha e colocados numa transportadora, às escuras, sem saber o que lhes vão fazer?
Estarão assustados? Com medo?
Terei feito o melhor em sujeitá-los a isso, ou sentirão eles que traí a sua confiança?
Nesse dia, foram capturados 6 gatos, pelo que me disseram depois, entre os quais a Bela e o D. Juan, e o panterinha pequeno.
Ainda falta capturar mais 3 ou 4.
Isto foi no domingo. Não voltei a ter notícias, entretanto.
Fiquei a saber que alguém terá encontrado, não sei bem quando, o corpo de 2 gatos pretos e brancos, pelo que suponho que tenham sido duas das malhadinhas.