Aqueles que mais amam os animais são, também, aqueles que mais sofrem por eles, com eles.
Por não terem poderes sobrenaturais, por não poderem fazer mais, por não poderem, muitas vezes, ajudar naquilo que mais precisam, por não terem mãos, braços e força suficiente para tantos animais que lhes aparecem à frente, vítimas de abandono, maus tratos ou, simplesmente, estupidez e irresponsabilidade humana.
Por não poderem acolher todos os animais que vagueiam sozinhos pelo mundo, por não encontrarem famílias para aqueles que acolhem, e que acabam por viver e morrer em abrigos, sem nunca saber o que é ter um lar.
Por quererem fazer tudo para lhes proporcionar uma melhor vida, mesmo que isso signifique contas e dívidas cada vez maiores, em que os valores aumentam a triplicar, comparativamente aos que conseguem abater.
Por terem que lutar, para além de tudo isto, com pessoas cruéis, que ainda se insurgem contra este trabalho voluntário, que fazem questão de, não só não ajudar, como ainda prejudicar quem o faz.
Poder ajudar um só animal que seja, já é bom. Mas fica sempre a frustração de não poder ajudar mais.
Poder contribuir para que outros ajudem, por pouco que seja, é óptimo. Mas fica sempre a sensação de que não deixa de ser uma migalha, uma agulha num palheiro.
Até mesmo os médicos, que tentam dar uma melhor qualidade de vida aos animais ou, até mesmo, salvar-lhes a vida, cedem à pressão, e à frustração, quando não são bem sucedidos.
Quem mais gosta dos animais, é quem muitas vezes tem vontade de se dar por vencido, de baixar os braços, mas sabe que não o pode fazer. E, por isso, vai buscar esperança e força nem sabe bem onde, porque se não forem essas pessoas a preocupar-se e a lutar pelos animais, quem o fará?