Leituras felinas
Quem por aí costuma ler livros sobre gatos?
Que livro sobre estes animais gostariam de receber, ou ofereceriam a alguém, neste Natal?
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Quem por aí costuma ler livros sobre gatos?
Que livro sobre estes animais gostariam de receber, ou ofereceriam a alguém, neste Natal?
Cuidado com aquilo que desejas!
Por vezes, os desejos realizam-se mesmo, mas o feitiço pode-se virar contra o feiticeiro.
Neste caso, são inevitáveis as semelhanças, em algumas atitudes, entre a nossa falecida Tica, e a Becas.
Até na sua febre de ir para a rua. Sempre que chegamos a casa, temos que estar muito atentos, porque ela vem logo a correr para a porta e, se nos descuidamos, sai. E a Amora, como boa aluna, também se coloca muitas vezes à porta, a jeito para sair, mal ela se abra.
Ora, ontem, para evitar isso mesmo, quando o meu marido chegou do trabalho, bateu à porta. Vi as duas irem para a cozinha, mas a Amora chegou primeiro, e foi nela que peguei. Abri a porta e pensei, não há problema, a Becas não está por perto.
O tempo foi passando e o meu marido perguntou pela Becas.
Disse-lhe que devia andar por ali, porque ainda há pouco a tinha visto.
Cerca de uma hora depois, batem à porta. Era o vizinho de cima, a perguntar se aquela gata que estava ali no quintal era nossa.
Alerta!!!
O meu marido foi logo ver e, adivinhem, era a Becas que, sabe-se lá como, conseguiu escapar-se pela porta e esteve aquele tempo todo na rua, de noite, sem nós sequer imaginarmos.
Se não nos avisassem, passaria lá a noite.
Onde é que eu já vi este filme antes?!
Prevejo alguns sustos e preocupações daqui em diante, à custa desta menina.
Está cada vez mais parecida com a Tica, até na parte que não devia!
Com esse teu mau feitio, ainda vais acabar sozinha numa casa cheia de gatos! Quem é que já não ouviu esta frase? Eu já ouvi em filmes, em novelas...mas usam-na, como se fosse um castigo, quando, para muitos, é até algo de bom, não é!? Que o digam os membros/donas dos gatinhos deste clube!
Fala-se muito em discriminação relativamente aos humanos, mas no mundo felino isso também acontece com bastante frequência.
Muitos gatos são discriminados, diariamente, pelos mais variados motivos ou razões. Muitos gatos vão sendo deixados para trás, abandonados, esquecidos, preteridos, e sem direito a uma família que os acolha e ame, porque não satisfazem os desejos específicos de quem procura um animal.
E, quanto mais tempo vai passando, mais as hipóteses de um futuro risonho vão ficando reduzidas.
Deixo-vos aqui alguns dos principais factores que contribuem para essa discriminação, e para a continuidade de muitos dos animais em associações ou abrigos, e até mesmo, nas ruas.
A idade
Uma das principais causas para um gato ser preterido a favor de outro, é a sua idade. À semelhança do que acontece com a adoção no mundo humano, em que as pessoas preferem adoptar bebés ao invés de crianças mais crescidas, também em relação aos gatos isso acontece frequentemente.
Muitas preferem gatos bebés, que sejam criados e habituados a si desde cedo. Para que se adaptem melhor à família e à casa. para que possam acompanhar o seu crescimento.
Existe a ideia de que gatos mais velhos já têm os seus hábitos bem vincados, e será mais difícil adaptarem-se a novas rotinas.
Além disso, quem resiste a um gatinho bebé, pequenino e fofinho?
Por isso, à medida que os meses vão passando, os gatos vão ficando para trás, e ficando cada vez mais velhos. E, quanto mais velhos ficam, menos hipóteses têm de ser levados.
Vêem-se actualmente muitos gatos com 10 meses, 1, 2 ou mesmo 3 três anos, à espera da sua vez, a ver os seus amigos e companheiros mais novos irem embora.
Com mais idade, e salvo raras excepções, já a esperança é tão reduzida que o mais certo é passarem toda a sua vida na instituição que os acolheu.
Até porque é pouco provável que alguém adopte um animal que dali a pouco tempo pode partir.
Doenças ou deficiências físicas
Outro dos motivos para as pessoas não escolherem um determinado gato é o facto de este ser portador de alguma doença, ainda que seja uma doença que, controlada, possa permitir alguma qualidade de vida, e não afecte em nada a relação entre ele e a sua família humana.
Mas é claro que as pessoas preferem adoptar gatos saudáveis. Um gato doente é sinónimo de despesas extras, preocupações, trabalho e a possibilidade de não durar muitos anos. Para além do medo de que essa doença seja, de alguma forma, transmissível aos humanos.
Da mesma forma, também os gatos portadores de alguma deficiência física são, muitas vezes, colocados de parte. Não é bonito um gato sem cauda, sem um ou ambos os seus olhinhos, sem orelhas, sem alguma pata, ou que tenha dificuldades que outros não têm.
Mas têm tanto ou mais amor para dar que um gato saudável, e têm o mesmo direito de viver e ser felizes. E tenho a certeza de que serão animais extremamente gratos aos donos que ficarem com eles.
A Raça
A raça é, muitas vezes, uma exigência fundamental para quem quer adoptar um gato. Talvez porque se valorizem em demasia algumas raças mais conhecidas, e se faça até negócio à custa disso. Para além do gosto pessoal pelas características de uma determinada raça, algumas pessoas sentem-se mais importantes ao se gabarem que têm um gato de raça "x" ou "y", ao invés de um gato de raça totalmente banal.
A Cor
Todos conhecemos a discriminação aos gatos pretos baseada, muitas vezes, naquela superstição de que os gatos pretos dão azar.
Mas não é só aos gatos pretos que isso acontece. Há quem não queira um gato porque é todo branco, ou porque é todo cinzento, ou porque a mistura de cores do seu pelo os torna feios.
E ainda podem não gostar da cor dos olhos do animal, por não condizer ou realçar a do pelo.
A Beleza
Mesmo dentro das mesmas raças e cores, existem gatos que, aos olhos de quem os vê, são mais bonitos que outros, ainda que muito parecidos. E isso é o suficiente para escolher um, e não outro.
O Sexo
O sexo é também uma das razões para a discriminação dos gatos. Seja pela simples preferência pessoal (há quem prefira fêmeas, e quem goste mais de machos), ou pelo facto de considerarem que gatos de um determinado sexo são menos dispendiosos ou mais fáceis de criar que do sexo oposto. Ou ainda por considerarem que o sexo determina o comportamento dos gatos.
A Personalidade
Existem pessoas que preferem gatos mais mansinhos, que gostem de passar o dia a dormir ou sossegados, e não dêem muito trabalho. Outras, gostam mais dos traquinas, que mostram mais vivacidade. Há quem os prefira mais independentes, e quem os prefira mais apegados.
Dificilmente alguém escolherá um gato assustadiço, que não goste que lhe peguem, que não goste de colo, que se esconda dos humanos. Ainda que isso possa ser um comportamento temporário, resultante de algo por que passaram, e possa vir a mudar com tempo, dedicação e paciência.
Tamanho
Embora raro, este é igualmente um motivo para se preferir um determinado gato ainda que apresentem a mesma idade.
Outros gatos em casa
O facto de já se ter mais gatos em casa, pode ser apontado como motivo para não querer levar qualquer outro, seja pela despesa que isso iria acarretar, pelo trabalho adicional, pelo facto de o gato já existente sentir ciúmes, ou por não querer dividir as suas atenções e amor com nenhum outro.
Mitos
Alguns mitos que correm de boca em boca, sobre os perigos que os gatos podem representar para os humanos, podem levar algumas pessoas a desistir de adoptar um gato.
E tudo isto é tão triste... Ver tantos animais com uma réstia de esperança, na expectactiva de que os tirem daquele lugar a que, apesar de serem bem tratatos e cuidados, nunca poderão chamar de lar, e verem essas expectactivas frustradas.
É triste para os gatinhos que ficam, verem os mais bonitos, mais novos, mais meiguinhos, mais saudáveis, partirem para um destino mais feliz, e os restantes permanecerem.
E é triste para nós, que os continuamos a ver ali, com a chama da esperança ainda acesa, mas cada vez mais fraca, à espera do dia em que chegará a sua vez...