Eu acho que alguns gatos, à sua maneira, são felizes mesmo estando na rua.
Pegando num exemplo, imaginemos duas pessoas diferentes: uma nascida e criada no campo, e outra na cidade.
Se perguntarmos a cada uma delas se são felizes com a vida que têm, provavelmente, ambas responderão que sim. O campo tem vantagens que a cidade não tem, e vice-versa. Da mesma forma, as desvantagens.
Aquilo que uma mais gosta, pode ser aquilo que a outra mais detesta. Pode haver coisas que a pessoa do campo sente falta, mas nem por isso preferiria a cidade, e o contrário também acontece - desejar uns dias calmos no campo, mas nunca deixar a cidade de forma definitiva.
Claro que há pessoas do campo que se mudam para a cidade, e se adaptam, e outras que ficam ainda mais felizes pelo que lá encontraram, e já não querem o campo de volta. Da mesma forma, há quem se mude para o campo, e opte por lá ficar de vez, fugindo da confusão da cidade, vivendo uma vida mais feliz.
Imaginem um diálogo entre gatos em que um diz "nesta vida podes ter isto e aquilo" e o outro responde "mas aqui, podes ter isto e aquilo". "Ah e tal, mas não tens isto". "Sim, mas tu não tens aquilo"! E por aí fora.
Pegando naquilo que vejo, em relação aos gatos da colónia, por exemplo, eles vivem em família, brincam uns com os outros, apanham solinho, têm árvores para subir, espaço para correr e brincar, liberdade...O mais difícil é a comida, mas tendo quem os vá alimentando, fica mais fácil. Há gatos que, por muito que nos faça confusão, gostam dessa vida. Talves porque não conheceram outra e sempre foram criados assim, ou pela personalidade mesmo. Alguns, quando levados para casa, até se podem habituar e gostar. E outros haverá, claro, que davam tudo para sair dali para fora, e entrar para sempre na casa de alguém que lhes desse amor, conforto, segurança e uma vida que ali nunca terão.
Já os gatos que vivem num lar, com a sua família e têm tudo isso, são gatos felizes, mas nem por isso deixam de querer, nem que seja por uma vez, ir lápara fora, experimentar a liberdade, saltar os muros, subir as árvores, visitar os vizinhos, explorar. E, se por acaso os deixamos fazê-lo, poderá haver os que já não voltam por vontade própria, mas a maioria, sabe que o mundo lá fora não é para eles, e voltam para a sua segurança e conforto habituais.