Quando os nossos gatos fogem, e nem nos apercebemos disso!
Por já ter, infelizmente, alguma experiência no que toca a fugas de gatos da nossa casa, foi precisamente sobre esse tema que escrevi para a Miau Magazine de Janeiro.
No artigo, recordo a aventura da Tica, e partilho dicas sobre o que fazer em caso de desaparecimento do nosso animal de estimação, bem como conselhos para não alimentar aquele sentimento de culpa que tanto nos afecta. Claro que todo o artigo se refere a quando um gato desaparece, e nós sabemos disso e tentamos encontrá-lo.
Mas, e quando os nossos gatos fogem, e nem nos apercebemos disso?!
Como costumo dizer, tanto a Becas como a Amora têm algumas semelhanças com a Tica, não só a nível físico, como de feitio.
E a Becas parece ter herdado alguns dos genes da Tica, que saía para a rua, mal apanhava uma porta aberta. Esses genes estão a manifestar-se cada vez mais, e ontem passou a noite na rua.
Sem sabermos.
A primeira tentativa foi quando eu cheguei a casa. Apanhámo-la logo no quintal.
A segunda tentativa foi quando o meu marido veio das compras. Mais um vez, pegámos nela, e levámo-la de volta para casa.
À terceira, foi de vez. O meu marido saiu para trabalhar e não se apercebeu que, com ele, também a Becas tinha saído.
Tanto eu como a Inês já estávamos deitadas, e convencidas de que a Becas estava em casa.
De madrugada, a Amora começou a andar inquieta. Ora entrava dentro da cama, ora saía. ora voltava a entrar, para logo em seguida sair.
Ouvi também um barulho na porta. Parecia alguém a tentar abri-la. Mas pensei que fosse a Becas a brincar com as caixas que tinha deixado na entrada, e não liguei.
De manhã, levanto-me, e oiço miar.
Olha, a Becas está com tanta fome que já mia desalmadamente, pensei eu. Mas não a vi.
Abri a porta da casa de banho, achando que ela podia ter ficado lá fechada, mas não. E o som vinha de longe.
Abri a porta da dispensa, e também não estava lá.
Espreito pela janela da porta, para ver se era o Branquinho a miar lá fora. Vejo um gato. Parece clarinho. Abro a porta e, apesar de estar escuro, parece o Branquinho. Continuo a andar, para confirmar, e descubro que é o Branquinho, sim, e acompanhado pela Becas!
E é aqui que o meu coração pára momentaneamente, perante a constatação de que a nossa Bequinhas passou a noite toda na rua, ao frio, sabe-se lá com quem, e em que condições.
Enquanto nós dormíamos descansadas, na cama, quentinhas.
Pego imediatamente nela, e levo-a para casa. Só depois me apercebi do quão mau isto pareceu, por ter deixado o Branquinho na rua, sozinho, enquanto levava a Becas para casa.
E pode parecer parvoíce mas, apesar de tudo, fico grata ao Branquinho porque, de certa forma, parece que a protegeu e lhe fez companhia para não se sentirem tão sós.
Ela estava aparentemente bem, sem nenhuma ferida ou marca de que tenha corrido mal a noite. Penso que ela não terá saído dali do quintal, uma vez que a Amora andava inquieta, quem sabe percebendo que alguma coisa se passava, ou que a amiga estava lá fora.
Já em casa, comeu, fez as suas necessidades, e estava na boa.
A Amora é que não parou de bufar a assanhar-se para ela o tempo todo, estranhando a companheira, e a pensar por que raio tínhamos levado um gato lá para casa. E se eu pegava na becas ou lhe fazia festinhas, a seguir a Amora assanhava-se para mim também.
Cá entre nós, temos a teoria de que a Amora está cheia de ciúmes porque a Becas passou a noite com o Branquinho, e agora até já parece amiga dele!
E agora?
O que fazer quando o nosso gato, que está sempre em casa, passa algum tempo na rua, inclusive em contacto com outros gatos?
Tendo em conta que ela não está ferida, e que não pode ficar prenha, já que é esterilizada, as principais preocupações são desparasitá-la, interna e externamente, e à Amora também.
Apesar de tudo, não acredito que tenha contraído alguma doença mais grave mas, por descargo de consciência, será melhor marcar consulta no veterinário, para verificar se está tudo bem. E, logo que possível, vacinar ambas contra o Felv, não vá a fuga repetir-se de novo.