E se, de repente, eu levasse para casa o Branquinho, o gato do vizinho? E a Kikas, a gata da vizinha? E porque não a Chica, que é de todos e não é de ninguém. Ah, e já agora, a Stephanie, da vizinha dos meus pais.
E, claro, não poderia deixar de fora o Pompom, a Oreo, a Bela, a Rapunzel, o Panterinha, a Charlotte, a Margarida e a Minnie, o D. Juan e os mais recentes residentes da colónia.
De caminho, pegava na gata que vi no outro dia na minha rua e os seus dois filhotes.
E se, entetanto, visse outros gatinhos a precisar de ajuda e abandonados, levava-os para casa também.
Juntava todos eles lá em casa, com as já residentes Becas e Amora.
Neste momento, ficaria com...cerca de 22 gatos, para começar!
Podia até ter a melhor das intenções para com os felinos, mas acabaria por os prejudicar mais do que ajudar. Porquê? Porque uma habitação não é local para manter tantos animais fechados.
Não existiriam condições adequadas de higiene, não poderia dar a atenção devida a cada um deles, não haveria dinheiro para vacinas e esterilizações para todos, bem como para cuidados veterinários,o que implicaria possíveis contágios e, em último caso, morte para um ou mais deles.
Ainda que tivesse um tecto para se abrigar e, possivelmente, alimentação, faltaria tudo o resto.
E eu, deixaria de ser uma protectora, para me tornar uma espécie de acumuladora de animais!
Acumuladores de animais não são, necessariamente, pessoas más, mas sim doentes. Sofrem de uma condição psiquiátrica clínica denominada Transtorno de Acumulação de Animais.
Por norma, os acumuladores resgatam e acolhem animais, na maioria cães e gatos abandonados, com a intenção de protegê-los e ajudá-los. Por vezes, podem até passar fome para tentar alimentar os bichos. O problema é que não percebem a realidade e não têm limites, assumindo mais resgates do que teriam condições, e são incapazes de perceber que aquela situação é insustentável.
Vivem em constante negação da realidade, e sentem até medo de os doar, ficando com todos para si, por acreditarem que são os únicos que os conseguem salvar e proteger.
Como se identifica um possível acumulador?
Pela quantidade de animais ao seu cuidado, em proporção ao espaço existente para os ter. Ou seja, este número de gatos que acima mencionei, na minha casa, que é pequena e ficaria sobrelotada, poderia ser um indicador de acumulação. No entanto, se tivesse esses mesmos animais num espaço muito maior, onde não houvesse sobrelotação, e com mais condições, já não seria o caso.
Nem sempre são pessoas idosas, e nem sempre são pessoas sós, embora esses dois factores possam influenciar, devido à degeneração da mente e ao isolamento social, procurando afeto e ligação nos animais.
Acumuladores de animais podem, muitas vezes, tê-los em jaulas, gaiolas ou caixas de transporte, ou acorrentados.
Costumam ter os animais em espaços cujo chão se encontra coberto por urina e fezes, e até corpos de animais mortos já em decomposição.
O que fazer no caso de suspeita?
Tentar conversar com os acumuladores
Tentar oferecer ajuda, seja para adopção dos animais ou angariação de alimentação e outros bens
Denunciar às autoridades
Contactar associações ou entidades que possam ajudar a lidar com a situação e retirar os animais do perigo