Para quem gosta de ler, e para quem gosta de gatos.
Este é um livro, que já li na sua totalidade, e que adorei. Aliás, posso-vos dizer que nunca um livro, até então, me tinha feito chorar na primeira página... Sou uma chorona é o que é... Assim que terminar o "Conversas com a minha gata" de Eduardo Jáuregui, logo digo se o recomendo ou não. Ainda que até agora esteja a gostar.
Este livro "O que aprendemos com os gatos" fala-nos sobre a falta que eles nos fazem quando nos deixam, e tudo o que fica para trás, todas as memórias, os pelitos que insistem em se manter agarrados às nossas roupas, as rotinas que perdem significado... E o voltar a conhecer o mundo com um novo gato, que não substitui o antigo, mas que, em certa medida, nos compensa a sua falta. É um livro não aconselhado aos mais sensíveis, sob pena de poderem desidratar. Uma só crítica: Livro demasiado pequeno. Li em duas tardes... e fiquei com vontade de mais... Deixo-vos com a capa e com a sinopse que "roubei" à editora - Quetzal.
Sinopse:
"Os seres humanos - pensa o gato - têm uma irremediável tendência para compreender tudo distorcido. Isto porque os humanos partem da absurda crença de que são animais superiores, quando toda a gente sabe que os animais superiores são os gatos.
Os gatos - pensa a autora deste livro - têm muito para nos ensinar, mas para isso é necessário que estejamos atentos e dispostos a aprender.
São carinhosos, mas nunca submissos; confiantes, só se exercitarmos a virtude de uma conquista paciente; domésticos e independentes; aparentemente indefesos, mas na realidade muito mais preparados para a sobrevivência do que nós. E por baixo de um pelo de seda, ocultam-se as garras de uma fera e um corpo atlético invejável.
Um livro que é uma jóia para qualquer bom leitor e absolutamente indispensável para todos os amantes de gatos." (Quetzal)
E deixo-vos com o poema de Esteban Villegas, que aparece logo na primeira página, para vos aguçar o gosto:
A um cavalheiro que chorou com a esposa uma pequena perda
Passaram pelas nossas vidas cautelosos,
como quem anda sobre almofadas de algodão,
capazes de andar sobre vidro sem o partir,
de roçar um copo sem derramar uma só gota.
Sabem escolher, no verão, a sobra mais fresca
e, no inverno, o calor dos nossos corpos adormecidos.
Caminhavam pela casa semeando uma esteira
de inapreensíveis fios de ouro ou madrepérola.
Quantas vezes nos roubaram o lugar,
que era também o seu preferido,
e nós, reis destronados e enormes,
fomos acomodar-nos - por assim dizer -
no mais incómodo assento da casa.
Quantas vezes sossegaram a nossa angústia
com esse rumor que lhes vibra na garganta.
Demos-lhes tudo o que quiseram,
e eles aceitaram
com a majestade de quem nada pediu.
E, por vezes, assaltava-nos a estranheza
de termos aberto a casa a uma ferra terrível,
uma fera munida de garras e de dentes que,
com uma língua de lixa, alisa a sua seda ao sol.
Por fim morreram:
apenas um suspiro,
e deles restou um farrapo de pele macia, quase nada,
sigilosos e dignos
na morte como na vida.
Assim foram os nossos gatos,
e mesmo agora,
muitos meses depois,
de vez em quando
encontramos
um pequeno pelo de seda nas nossas roupas.
Paloma Díaz-Mas (2015) In O que aprendemos com os Gatos.
Quem tiver curiosidade sobre os sentimentos que me surgiram com o livro podem dar uma saltada até aqui.
Boas Leituras*