Esta anda a pedir...
Já não é a primeira, nem segunda vez, que me entra pelo carro a dentro. É de uma meiguice... Tivesse eu condições e espaço e ela estaria no conforto de uma casa. Se bem que se vê que ela é feliz na liberdade que tem!
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Já não é a primeira, nem segunda vez, que me entra pelo carro a dentro. É de uma meiguice... Tivesse eu condições e espaço e ela estaria no conforto de uma casa. Se bem que se vê que ela é feliz na liberdade que tem!
Não sei como aqui veio parar. É tão meigo, tão doce.
Num dia como outro qualquer, acabada de chegar ao trabalho, pela manhã, oiço miar.
Um miado insistente, contínuo.
Vou até à janela, e vejo uma gata lá em baixo na rua.
Estaria perdida?
A chamar por alguém?
Estaria com fome? Ou com dores?
Não tinha aqui nada comigo para lhe dar. E também não podia sair.
Fiquei a observar, para ver como ela reagia às pessoas que passavam.
Não fugia. Pelo contrário. Quando as pessoas se aproximavam dela, devido aos seus miados, ela roçava-se nas pernas, dava turras, aceitava festinhas, e parava de miar.
Mas, mal seguiam o seu caminho e se via sozinha, voltava a miar sem parar.
Foi difícil estar a vê-la e não poder ir até lá ter com ela.
Passado um tempo, ela acabou por ir embora.
Hoje, estava no trabalho, e ouvi miar novamente. Espreitei pela janela, e lá estava ela!
A enfiar-se por entre as pernas de uma senhora que ali parou ao pé dela, e a dar marradinhas num homem que também se deixou cativar pela sua simpatia.
Eu, presa mais uma vez, não pude lá ir.
E, quando saí, já não a vi.
É uma gata tricolor.
Linda! Meiguinha.
E anda aqui nas ruas...