Se um gato pudesse fazer um testamento
Será que até na hora da sua morte, os animais superam muitos humanos?
Este é um testamento que poderia ser deixado por qualquer um dos gatos que partem deste mundo.
"Pouco tenho a deixar em bens materiais. Os gatos são mais sábios que os homens. Não dão demasiado valor às coisas. Nada tenho de valor para legar, a não ser o meu amor e minha fé. Estes, deixo-os para todos os que nesta vida me amaram: os meus donos que, bem sei, sentirão mais a minha falta, e os meus amigos gatos.
Peço aos meus donos que nunca me esqueçam, mas que não chorem demais por mim.
Toda a minha vida procurei ser um consolo nos momentos de pesar, e razão de mais alegria, nos seus instantes de felicidade.
Custa-me pensar que a minha morte é para eles motivo de dor. Devem lembrar-se que nenhum gato jamais teve uma vida melhor que a minha (e devo isso ao amor e cuidado que tiveram por mim). Será uma pena deixá-los, mas não é uma pena morrer.
Os gatos não temem a morte como os humanos. Nós aceitamos como parte da vida, e não algo estranho e terrível que destrói a vida. Gostaria de partilhar da crença de que existe um paraíso onde se é para sempre jovem e feliz, onde cada hora maravilhosa é hora de comer, onde nas noites mais longas há milhões de lareiras com lenha a arder indefinidamente, onde um gato pode se enrodilhar, ficar piscando para as chamas, cochilar e sonhar, recordando os velhos tempos na terra e o amor de seus donos.
Antes de morrer, os seres humanos escrevem o seu último testamento, deixando tudo o que têm para aqueles que deixam para trás. Se, com as minhas patas, eu pudesse fazer o mesmo, seria isto que eu ia pedir:
Para um gato de rua pobre e solitário eu daria minha casa feliz, minha tigela e cama confortável, almofadas macias e todos os meus brinquedos, o colo, que eu tanto amava, a mão que me acariciava e a doce voz que chamava meu nome. Eu dou ao triste, ignorado, assustado e abandonado gatinho o lugar que eu tinha no coração do meu ser humano, no qual não há limites para amor.
Tenho um último pedido muito importante a fazer.
Nunca digam, quando eu morrer, que nunca mais vão ter outro animal de estimação, ou que nunca vão gostar tanto de outro animal. Que gostam tanto de mim que jamais poderiam vir a gostar tanto de outro.
Peço-lhes, agora, que, por amor a mim, tenham ainda mais amor aos animais em geral. O contrário, seria uma triste homenagem a minha memória.
Em vez disso, procurem um gatinho que nunca teve nem uma alegria ou esperança, e dêem o meu lugar a ele.
Esta é a única coisa que eu posso dar... O amor que eu deixei para trás.
Uma última palavra de despedida, aos meus queridos donos:
Sempre que se lembrarem de mim, murmurem nos seus íntimos cheios de saudades, mas felizes com a recordação da curta vida que passamos juntos, que eu fui alguém que vos amou muito, e que vocês amaram.
E lembrem-se que, por mais profundo que seja o meu sono, eu irei escutar-vos, e nem todo o poder da morte poderá impedir que o meu espírito, agradecido, ronrone de felicidade!
Acho que é um bonita mensagem a que este texto pretende passar. E nós temos, ou devemos, agarrar-nos a algo que nos faça seguir em frente, e acreditar que os felinos que partiram estão bem onde estão.
Seria bom acreditar que, de facto, seriam estes os últimos desejos deles. Até porque, por mais que choremos ou soframos com a sua partida, nada os trará de volta.
E só nós temos o poder de decidir se queremos inventar mil e um argumentos, culpas e desculpas para permanecer em letargia e sofrimento ou, apesar da perda, tristeza e saudade, erguer a cabeça e continuar com a nossa vida, com a certeza de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, para tornar os nossos meninos e meninas felizes, e sentirmo-nos agradidos e confortados com as lembranças desses bons momentos.
Claro que, como em tudo na vida, falar é fácil...
Retirado daqui: http://aquisoentramgatos.blogspot.pt/ (autor desconhecido)