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Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

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Doenças felinas #4 - Panleucopénia

 

Já muito se ouviu falar, aqui no Clube, da panleucopénia felina, sobretudo depois de a Becas ter sido uma das vítimas deste vírus.

 

Mas, afinal, o que é a panleucopénia?

É uma doença altamente contagiosa, também conhecida como laringoenterite contagiosa ou agranulocitose infecciosa, causada por um vírus pertencente à família Parvoviridae, mais conhecido por parvovírus felino, e é muito comum em gatos domésticos, com maior incidência nos gatos jovens (entre 1/2 meses e 1 ano).

É considerada um dos distúrbios gastrointestinais mais mortais para os gatos, apresentando uma taxa de mortalidade de cerca 80% dos gatos contaminados.

Este microrganismo caracteriza-se pela sua grande resistência, podendo sobreviver por mais de um ano em ambiente aberto.

 

Como se transmite?

A maior parte das infecções ocorre pelo contacto com fezes contaminadas, água, comida ou outros objectos partilhados entre um gato saudável e um infectado (mordidas, saliva), pela gestação, pelo contacto directo entre gatos, ou através de ectoparasitas infectados (como as pulgas, por exemplo).

Após o tratamento, um felino doente pode, através da urina e das fezes, ir eliminando o vírus até seis semanas. 

 
Que órgãos afecta?

 

Se a infecção for transplacentária, pode levar a má formações fetais.

Nos recém nascidos, pode ocorrer o aparecimento de lesões cerebelares, sendo observados sinais de alterações no sistema nervoso central como incoordenações motoras, andar cambaleante, entre outros. Também pode afectar a retina, o nervo óptico, o tecido linfático e a medula óssea.

Em animais mais velhos, a infecção ocorre mais intensamente no tecido linfático, medula óssea e criptas da mucosa intestinal. 

No caso da Becas, para sua sorte (e nossa), o único órgão afectado foi mesmo a medula óssea e, quando medicada, mostrou-se sempre muito activa, com apetite e aparentemente normal, sendo por isso, na opinião dos médicos, um caso totalmente atípico.

 

Quais os sintomas a ter em conta?

A doença tanto pode ocorrer praticamente sem sintomas, como levar a casos de morte súbita sendo, nestes casos, confundida com envenenamento.

Após a penetração do vírus no organismo ocorre uma fase de incubação que pode variar de 2 a 7 dias.

Os principais sintomas da doença são:

- falta de apetite 

- depressão

- vómitos

- febre

- sensibilidade abdominal

- diarreia

- desidratação

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito através da associação dos sinais clínicos com resultados dos exames de sangue que apontam para leucopenia.

 

Em que consiste o tratamento e qual a sua eficácia?

O tratamento da panleucopenia felina é mais eficaz quanto mais cedo a doença for diagnosticada.

A falta de tratamento, ou a demora em iniciá-lo, leva a que a panleucopenia felina avance ainda mais, causando desidratação e levando o animal à morte, o que costuma ocorrer poucos dias após o surgimento dos primeiros sintomas. Há casos em que a doença provoca a morte súbita do felino.

O tratamento é caro e trabalhoso, normalmente à base de antibióticos para evitar infecções bacterianas secundárias, administrados por via intravenosa ou oral, fluidoterapia para combater a desidratação e fornecer nutrientes e, caso necessário, transfusões de plasma.

Os animais infectados devem ser isolados, para minimizar o risco de transmissão, e ser acomodados num local limpo, para evitar infecções secundárias que podem debilitar ainda mais o estado geral dos mesmos.

O ideal é o internamento num hospital ou clínica, onde os animais estão em permanente vigilância e monotorização, e onde existem os meios necessários ao tratamento.

Os animais que conseguirem sobreviver de 5 a 7 dias, têm grandes hipóteses de escapar com vida a este vírus.

 

Como prevenir?

A prevenção é feita através da vacinação.

Existe, actualmente, uma vacina que tem por objectivo prevenir contra a calicivirose, rinotraqueíte e panleucopénia, e deve ser administrada às 8 semanas, tendo depois 2 reforços, de 3 a 4 semanas cada um. Os adultos, em especial as fêmeas, devem ser vacinados todos os anos para a manutenção do nível de anticorpo.

Depois de vacinados os gatos tendem a obter imunidade para toda a vida.

 

Dica (de quem já passou por esta situação):

Se notarem que o vosso gato não está bem, e se apresentar algum dos sintomas acima referidos, ou outro qualquer, e mesmo que considerem que não deve ser nada de importante, não hesitem em levá-lo ao veterinário o quanto antes.

Mais vale pecar por excesso de zelo, do que por falta dele.

Se não for nada de importante, melhor para todos. Mas se for grave, quanto mais cedo for diagnosticado, mais hipóteses tem de ser tratado com sucesso. 

Não tenho boas notícias para vos dar...

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Foi esta a frase que nós preferíamos não ter ouvido esta noite.

Levámos a Becas e a Amora ao hospital, para ver o que se passava com a Becas, e para ver se estava tudo bem com a Amora.

A Becas, devido ao seu estado, foi a primeira a ser observada. Aparentemente, a veterinária não conseguiu ver nada de anormal. Não tinha febre, não estava totalmente "descompensada", não havia uma causa visível para os sintomas que descrevemos.

Para um melhor e completo diagnóstico, fizeram um hemograma para análise dos valores. Esperámos 10 minutos pelos resultados. Lá dentro, vejo a veterinária a falar com os colegas e a olharem para o papel. Quando a veterinária volta a entrar no gabinete, com a Becas, disse-nos logo "Não tenho boas notícias para vos dar".

A Becas tem os valores dos glóbulos brancos completamente fora dos padrões normais. Para terem uma ideia, o valor de referência é cerca de 5 - a Becas tem cerca de 0,6 - ou seja, praticamente nada! Não tem defesas nenhumas.

Foram feitos mais testes, para verificar se a Becas estava com Panleucopenia felina, FIV e FELV. Deu negativo para os dois últimos, positivo para a primeira.

Para quem, como eu, não faz ideia do que é esta doença - Panleucopenia felina - a mesma é causada pelo parvovírus felino, espalha-se facilmente entre gatos ou é transmitida no seu ambiente. O vírus ataca os glóbulos brancos do sangue e enfraquece o sistema imunitário, causa gastroenterite, febre, dor quando bebe, vómitos ou diarreia, desidratação e morte.

Em casa, a Becas não sobreviveria. A solução, sem qualquer garantia de sucesso, é o internamento.

Ficou internada, com prognóstico reservado, corre o risco de não sair de lá com vida.

A Amora, que por enquanto não apresenta sinais fora do normal, veio para casa mas tem que ser vigiada, porque esteve em contacto permanente com a Becas e pode vir a apresentar os mesmos sintomas e ter sido contagiada. Na verdade, a Amora não saiu de perto da Becas toda a tarde, e enquanto esperávamos pelos resultados, no veterinário, esteve sempre agarrada a ela. Agora, está triste porque não veio a sua amiga.

E nós, estamos de uma forma que é difícil descrever. A Tica morreu há pouco mais de um mês. Agora, a Becas pode ter o mesmo destino.

Entre retirar todas as hipóteses de salvar-lhe a vida, e arriscar uma hipótese reduzida de a salvar, optámos pela segunda, mas não sei ainda como vamos fazer para pagar o internamento da Becas, que irá ficar em 556 euros - orçamento para 5 dias no hospital. E isto se for só para a Becas, porque se a Amora vier a apresentar um diagnóstico igual, não vamos ter mesmo como ajudá-las.

Começo a achar que não estamos destinados a ter animais de estimação.

Vou fazer um apelo no facebook, e tentar que seja partilhado em alguns grupos de animais, para ver se conseguimos alguma ajuda com estas despesas.

Claro que eu sei que as pessoas têm os seus próprios animais, têm as suas próprias despesas e a responsabilidade é nossa, tanto pela adopção como pelo que daí advém, incluindo os cuidados médico-veterinários.

Mas neste momento, as coisas estão mesmo muito complicadas e toda a ajuda é bem vinda, nem que seja um empréstimo.

Para quem estiver a ler, não pensem que este post é apenas um pedido de ajuda financeira, porque não o é, nem se sintam na obrigação de ajudar. Podem ajudar de outras formas, com pensamentos positivos, rezando pela Becas, apoiando como puderem e quiserem.

Por aqui, tentamos acreditar que tudo está a ser feito para que a Becas ultrapasse esta doença, que ela vai lutar pela vida, e venha para casa curada daqui a uns dias. Não posso sequer imaginar que vamos perder a nossa charmosa ursinha despenteada!

Deixo aqui o orçamento do internamento da Becas, do qual já foi pago hoje 30% do valor. No dia da alta, teremos que pagar metade do valor restante, e deixar dois cheques pré-datados para pagamento da outra metade.

 

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