Nova forma de tomar o pequeno almoço!
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Sempre gostei desta menina!
Desde que começou a andar por ali nos nossos quintais, abandonada. Já se passaram quase 5 anos, e continuo a sentir algo de especial pela Boneca.
Acompanhei esta miúda desde os tempos que ela era a doçura em gata, um ser indefeso que deixava os outros fazerem tudo, a menina que podia estar a comer, mas chegava-se para o lado se a irmã ou outro gato aparecesse. A Boneca que gostava de se esfregar nas nossas pernas, que gostava de festinhas, que deixava pegar ao colo.
Essa foi a Boneca que, um dia, entrou na nossa casa e passou lá a noite, tendo sido devolvida à rua, para onde queria voltar, na manhã seguinte. Era na rua que se sentia bem, embora gostasse de vir até casa, por instantes.
A Boneca de hoje, é totalmente diferente...
Tal como a vida marca os humanos, também a vida dura da Boneca a marcou para sempre.
O facto de ter sido várias vezes mãe, e de sempre lhe terem tirado e matado os filhos, tornou-a desconfiada, descrente nos humanos. A sua luta diária por um pouco de comida, por um abrigo nos dias de chuva, pela sobrevivência, transformou uma gata meiguinha numa gata silvestre, que agora não deixa ninguém aproximar-se muito e, muito menos, tocar-lhe.
Já esteve num estado de magreza extremo, na altura em que tinha os filhotes, e pensámos que não iria aguentar. Depois, o vizinho começou a dar-lhe a pílula, e ela recuperou. Estava descansada porque sabia que esse vizinho também lhe dava comida. Por isso, esteve muito tempo sem parar aqui no quintal.
Mas, no outro dia, veio miar. Está mais magra novamente. Devia estar com fome. Dei-lhe a pouca comida que tinha aqui no momento. Entretanto, comprei uma embalagem para ter por casa, não fosse ela aparecer novamente.
Veio esta manhã, estava eu a sair para despejar o lixo. Olhou para mim e miou, como que a pedir comida. Pus ração numa caixa e deixei-a comer sossegada.
Talvez ela precise de voltar a confiar nas pessoas. De voltar a acreditar que ninguém lhe fará mal. Talvez a Boneca ainda possa voltar a ser a mesma de antes.
Ou talvez a vida tenha tornado isso irreversível...
Eles andam por aqui, por estas ruas, mas há muito tempo que não via tantos gatos juntos.
O responsável por esta comitiva felina foi o pequeno-almoço que colocaram ali ao pé da parede.
Quando fiz o caminho de volta, alguns minutos depois, já tinha ido cada um à sua vida!