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Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

Como incutimos determinados comportamentos aos nossos gatos

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Tal como as crianças, também os animais vão estudando os seus donos, e testando os seus limites.

E nós, enquanto donos, tal como fazemos com os nossos filhos, acabamos por, muitas vezes, incutir determinados comportamentos aos nossos gatos, que não serão os mais desejáveis.

 

 

Lá em casa, somos um bom exemplo disso.

As nossas bichanas acordam cedo e estão habituadas a que um de nós se levante também, para colocar comida, água, abrir as persianas e limpar as caixas de areia, ou simplesmente porque acham que está na hora de também nos levantarmos.

Nós, claro, ainda mais ao fim de semana, estamos com aquela preguiça de levantar de madrugada, e vamo-nos deixando ficar.

A Becas, não vê isso com bons olhos, e faz de tudo para nos chamar a atenção: arranha a cadeira, tenta abrir o roupeiro, sobe para a mesa de cabeceira, tenta fechar a porta do quarto, e por aí fora. Nada resulta até que...morde a Amora!

E nós, para evitar que se magoem, levantamo-nos de imediato!

Ou seja, a Becas associou que, sempre que quiser chamar a atenção ou fazer-nos levantar, a solução é morder a Amora.

 

 

Outro exemplo, é o dos petiscos.

Um dia, estamos a comer fiambre e, porque não, dar um pedacinho a cada uma? Não será isso que lhes fará mal. 

Dali a uns dias, novamente. 

Quando demos por isso, já as duas sabiam exactamente a hora a que nós iríamos mexer em fiambre, e plantavam-se aos nossos pés, à espera.

 

 

Em ambos os casos, fomos nós, através dos nossos actos, os responsáveis por esses comportamentos, e cabe-nos a nós reverter a situação.

 

E por aí, já alguma vez, uma atitude vossa, levou a determinado comportamento dos vossos bichanos, que não seja aconselhável?

 

Quando nos sentimos responsáveis por gatos que não são nossos

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Quando adoptamos um animal, assumimos essa responsabilidade para com ele, enquanto partilhar a sua vida connosco. É algo óbvio.

Mas, quando nos começamos também a sentir responsáveis por animais que não são nossos, mas que connosco convivem diariamente?

 

 

O Branquinho é o gato dos vizinhos da frente, do qual já falei aqui várias vezes.

Nos últimos dias, parece-me que tem passado as noites na rua. Antes das 7 da manhã, já ele está à nossa porta a miar, ou à janela. Não acredito que os seus donos se levantem assim tão cedo, que tenham aberto a porta e ele tenha saído, por isso, deduzo que tenha ficado na rua desde o dia anterior.

 

 

Porque é que ele mia?

Porque quer comer, também. Mas, sobretudo, porque quer entrar em casa, porque quer atenção que não recebe de outro lado. Porque quer mimos e festinhas.

O Branquinho acompanha-nos ao lixo, e de volta a casa, e deita-se no chão pelo caminho, a rebolar-se e pôr-se de barriga para o ar, para lhe fazermos festinhas.

O Branquinho acompanha-nos a casa dos meus pais. E é engraçado como ele sabe, naquela rua com várias casas, qual a porta para a qual estamos a ir, e lá está quando nós chegamos.

Por descuido nosso, e atrevimento dele, já entrou algumas vezes, tanto numa, como noutra casa! E gruda mesmo! É preciso pegá-lo ao colo (e bem gordito e pesado está), senão não sai.

O Branquinho acompanha-nos numa parte do caminho, quando vamos para a escola/ trabalho. Por vezes, fica parado na porta dos meus pais, e ver-nos ir, e quando percebe que não vamos voltar, volta para perto da sua casa. 

Outras, arrisca-se a ir um pouco mais à frente, mas sabe que só pode ir até ali, e volta atrás.

Mas, hoje, ele arriscou-se, e quase nos provocou um ataque de pânico. Apesar de um senhor, pelo caminho, o estar a chamar, ele continuou a vir connosco até a um cruzamento perigoso.

Sabia que ele não tinha fome, porque tinha uma caixa com ração à nossa porta, e não comeu, mas como levava um saquinho com ração para os gatos da colónia, lembrei-me de, ali no degrau de uma casa abandonada, pôr um pouco, a ver se ele ficava por ali.

Só que o Branquinho não deu por isso e, quando a minha filha deu mais uns passos, ele foi atrás dela para a estrada. Percebemos o som dos carros a vir e pensámos "vai ser já atropelado".

Por acaso teve sorte, os carros passaram ao lado. Sim, porque ele nem saíu de onde estava. E eu fiquei parada, porque ao mínimo movimento, ele podia assustar-se, e acontecer o pior.

Só quando vi que não vinham mais carros é que fui ter com ele, e só então ele saíu dali e, talvez com o susto, voltou para trás.

 

 

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É certo que foi, em parte, por nos conhecer e vir atrás de nós, que se colocou em perigo mas, e quando não estiver ninguém por perto?

Como é que deixam um gato, que é nitidamente, um gato para estar em casa, andar nas ruas desta forma, todo sujo, à chuva e ao frio, à guerra com os gatos da vizinhança ao ponto de ter o focinho todo ferido?

E para nós, que somos apaixonados por gatos e lidamos com ele todos os dias, é difícil não nos sentirmos responsáveis por ele.

É difícil não pegar nele, dar-lhe um tratamento à altura, levá-lo ao veterinário e ficar com ele.

Mas ele tem donos. Péssimos, mas tem. E como dizer a alguém com quem até nos damos bem, que lhe ficámos com o gato porque essa pessoa, pela forma como o trata, perdeu quaisquer direitos sobre ele? Que a forma como acham que o gato deve viver, não é a mais correcta, e que nós é que estamos certos, e eles errados?

Além de que, se realmente nós, ou qualquer outra pessoa, lhes ficasse com o gato, o mais certo seria arranjarem outro, e tudo se repetir.

 

 

Por isso, vamos esperando que ele se vá aguentando um dia após o outro, sem nos chegar a notícia de que apareceu sem vida, por aí, como aconteceu à Kikas.

Porque vale sempre a pena ajudar!

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Se tivesse que descrever o que vejo nesta imagem, diria que vejo um gato agradecido. 

Agradecido por mais um dia que tem para viver. Por estes raios de sol que lhe aquecem o corpo, e o coração. Por ter sido possível vir até aqui e comer qualquer coisa, depois dos dias chuvosos que não lhe permitiram grandes aventuras.

Agradecido por, mesmo não tendo a sorte de ter um lar e uma família humana que cuide dele, ter um abrigo, onde cresce com a sua família e amigos felinos, com relativa segurança, e alguém humano que vai ajudando a que não lhe falte comida e água, e umas palavras simpáticas, que ele não percebe na totalidade, mas sabe que o são.

 

 

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Este menino (digo eu, que nunca confirmei), cada vez mais bonito, é o Pompom. Em julho, era apenas um bebé. Hoje, atrevo-me a dizer que assumiu as rédeas da colónia, como acontece com os filhos mais velhos, que seguem as pisadas do pai, e tomam conta e protegem os mais novos dos perigos, e dos estranhos. 

Está um gatão que faz qualquer um apaixonar-se por ele, e ter vontade de o levar para casa.

 

 

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Na mesma colónia, e à semelhança da Oreo, este(a) é um(a) dos protegidos(as) do Pompom, a quem batizámos de Panterinha. Pertence, ao que parece pelo tamanho, a uma das últimas ninhadas, e já se arrisca de vez em quando a sair do portão e aproximar-se da estrada. No entanto, se os humanos se aproximam, corre para dentro, e fica em alerta.

 

 

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Se os seus olhos falassem, diriam que estava num misto de gratidão pelo que tem, apesar de não ser muito, e com receio pelo que o(a) espera nesta vida selvagem. 

 

Tal como estes dois gatos, também a Oreo, a Bela, a Rapunzel, o Dom Juan, as três Malhadinhas e mais um ou outro que por lá andem, dependem do seu instinto de sobrevivência, deste abrigo que encontraram, e de quem os alimente.

Não é obrigação de ninguém mas, ainda assim, é dever de cada um de nós zelar pela sua vida. 

Posso não ter ainda conseguido que uma associação os ajude e assuma o controlo desta colónia. Posso não ter conseguido que eles venham até mim, e percam o medo (embora por vezes já não fujam), nem tão pouco apanhá-los e encaminhá-los para adopção responsável.

Posso não conseguir proporcionar-lhes os cuidados de saúde que deveriam ter.

Mas sei que, se não fosse pela "comida na mesa" que tento levar todos os dias, faça chuva ou sol, como se já fizesse parte da rotina diária da minha vida, e eles fossem responsabilidade minha, sentindo-me mal se não lhes fizer, pelo menos, uma visita diária para verificar se estão todos bem, e têm comida e água à disposição, eles passariam fome, não cresceriam a olhos vistos e não estariam, provavelmente, tendo em conta as condições em que vivem, como estão hoje.

 

Posso não fazer muito, mas sei que faço alguma diferença. E é por isso que vale sempre a pena ajudar!

Para os ver crescer e, dentro dos possíveis, saudáveis. E saber que contribuímos para tal!

 

Para quando uma linha de emergência para animais?

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Quando uma pessoa se sente mal e precisa de uma ambulância ou cuidados médicos, em casos de acidente, e outros, ligamos para o 112.

E, quando um animal sofre um acidente, para quem ligamos? Quando nos deparamos com um animal ferido, a quem recorremos? Quem é a entidade responsável?

No passado fim de semana, o meu marido encontrou um gato atropelado na estrada. Juntamemente com outros condutores, que pararam os carros, conseguiram tirá-lo da estrada, para a berma, ainda com vida.

"E agora, o que fazemos?" - perguntaram eles.

O que se faz numa situação dessas?

São as pessoas que, por sua conta e responsabilidade, têm o dever de levar o animal ao hospital ou clínica veterinária mais próxima? E como saber onde esses serviços existem, num local em que estão de passagem, e que não conhecem? 

Se assim não for, a quem ligar? Às associações?

E naquele momento, saberemos nós que associação actua na zona? E os contactos? E mesmo que os tenhamos, haverá voluntários que se disponibilizem a ir até ao local, a qualquer hora do dia ou da noite?

Já para não falar das enormes despesas que estas já têm acumuladas de todos os animais que tratam.

Aqui na nossa zona, como já aconteceu, nenhuma entidade se responsabiliza. Ou pagamos nós, os que encontram, e depois logo se vê se tem dono, se não tem, e se reavemos o valor das despesas ou não. A protecção civil só recolhe cadáveres.

É complicado porque, neste meio tempo em que não se sabe bem a quem recorrer ou que decisão ou atitude tomar, pode estar a diferença entre a vida e a morte de um animal.

O gato que o meu marido encontrou, estava em sofrimento. Acabou por morrer ali mesmo, pouco tempo depois.

Talvez não houvesse mesmo nada a fazer. Ou talvez pudesse ter sido feito. Se não por este, por outros, se houvesse uma linha que pudessemos ligar, e alguém habilitado que pudesse ir até ao local, e encaminhar para os serviços veterinários.

 

Ah e tal, são animais. Como dizia um indivíduo que mais valia ter seguido caminho em vez de estar a dizer disparates "é só um gato, levar ao veterinário para quê?" ou "então, agora é pegar no gato e pô-lo no contentor, para quê chamar a protecção civil?".

 

É verdade. São animais. Mas também sofrem, também têm dores, também merecem ser tratados e ter uma hipótese de viver.

Claro que, num país em que nem para os humanos existem meios suficientes e eficientes, capazes de dar resposta em situações de emergência, morrendo muitas pessoas por assistência tardia, ou falta dela, será pedir demais que se faça isso em relação aos animais.