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Clube de Gatos do Sapo

Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!

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A gata tricolor da rua do meu trabalho

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Num dia como outro qualquer, acabada de chegar ao trabalho, pela manhã, oiço miar.

Um miado insistente, contínuo.

Vou até à janela, e vejo uma gata lá em baixo na rua.

 

Estaria perdida?

A chamar por alguém?

Estaria com fome? Ou com dores?

 

Não tinha aqui nada comigo para lhe dar. E também não podia sair.

Fiquei a observar, para ver como ela reagia às pessoas que passavam.

Não fugia. Pelo contrário. Quando as pessoas se aproximavam dela, devido aos seus miados, ela roçava-se nas pernas, dava turras, aceitava festinhas, e parava de miar.

Mas, mal seguiam o seu caminho e se via sozinha, voltava a miar sem parar.

 

Foi difícil estar a vê-la e não poder ir até lá ter com ela. 

Passado um tempo, ela acabou por ir embora.

 

Hoje, estava no trabalho, e ouvi miar novamente. Espreitei pela janela, e lá estava ela!

A enfiar-se por entre as pernas de uma senhora que ali parou ao pé dela, e a dar marradinhas num homem que também se deixou cativar pela sua simpatia.

Eu, presa mais uma vez, não pude lá ir.

E, quando saí, já não a vi.

 

É uma gata tricolor.

Linda! Meiguinha.

E anda aqui nas ruas...

 

Quando nos sentimos responsáveis por gatos que não são nossos

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Quando adoptamos um animal, assumimos essa responsabilidade para com ele, enquanto partilhar a sua vida connosco. É algo óbvio.

Mas, quando nos começamos também a sentir responsáveis por animais que não são nossos, mas que connosco convivem diariamente?

 

 

O Branquinho é o gato dos vizinhos da frente, do qual já falei aqui várias vezes.

Nos últimos dias, parece-me que tem passado as noites na rua. Antes das 7 da manhã, já ele está à nossa porta a miar, ou à janela. Não acredito que os seus donos se levantem assim tão cedo, que tenham aberto a porta e ele tenha saído, por isso, deduzo que tenha ficado na rua desde o dia anterior.

 

 

Porque é que ele mia?

Porque quer comer, também. Mas, sobretudo, porque quer entrar em casa, porque quer atenção que não recebe de outro lado. Porque quer mimos e festinhas.

O Branquinho acompanha-nos ao lixo, e de volta a casa, e deita-se no chão pelo caminho, a rebolar-se e pôr-se de barriga para o ar, para lhe fazermos festinhas.

O Branquinho acompanha-nos a casa dos meus pais. E é engraçado como ele sabe, naquela rua com várias casas, qual a porta para a qual estamos a ir, e lá está quando nós chegamos.

Por descuido nosso, e atrevimento dele, já entrou algumas vezes, tanto numa, como noutra casa! E gruda mesmo! É preciso pegá-lo ao colo (e bem gordito e pesado está), senão não sai.

O Branquinho acompanha-nos numa parte do caminho, quando vamos para a escola/ trabalho. Por vezes, fica parado na porta dos meus pais, e ver-nos ir, e quando percebe que não vamos voltar, volta para perto da sua casa. 

Outras, arrisca-se a ir um pouco mais à frente, mas sabe que só pode ir até ali, e volta atrás.

Mas, hoje, ele arriscou-se, e quase nos provocou um ataque de pânico. Apesar de um senhor, pelo caminho, o estar a chamar, ele continuou a vir connosco até a um cruzamento perigoso.

Sabia que ele não tinha fome, porque tinha uma caixa com ração à nossa porta, e não comeu, mas como levava um saquinho com ração para os gatos da colónia, lembrei-me de, ali no degrau de uma casa abandonada, pôr um pouco, a ver se ele ficava por ali.

Só que o Branquinho não deu por isso e, quando a minha filha deu mais uns passos, ele foi atrás dela para a estrada. Percebemos o som dos carros a vir e pensámos "vai ser já atropelado".

Por acaso teve sorte, os carros passaram ao lado. Sim, porque ele nem saíu de onde estava. E eu fiquei parada, porque ao mínimo movimento, ele podia assustar-se, e acontecer o pior.

Só quando vi que não vinham mais carros é que fui ter com ele, e só então ele saíu dali e, talvez com o susto, voltou para trás.

 

 

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É certo que foi, em parte, por nos conhecer e vir atrás de nós, que se colocou em perigo mas, e quando não estiver ninguém por perto?

Como é que deixam um gato, que é nitidamente, um gato para estar em casa, andar nas ruas desta forma, todo sujo, à chuva e ao frio, à guerra com os gatos da vizinhança ao ponto de ter o focinho todo ferido?

E para nós, que somos apaixonados por gatos e lidamos com ele todos os dias, é difícil não nos sentirmos responsáveis por ele.

É difícil não pegar nele, dar-lhe um tratamento à altura, levá-lo ao veterinário e ficar com ele.

Mas ele tem donos. Péssimos, mas tem. E como dizer a alguém com quem até nos damos bem, que lhe ficámos com o gato porque essa pessoa, pela forma como o trata, perdeu quaisquer direitos sobre ele? Que a forma como acham que o gato deve viver, não é a mais correcta, e que nós é que estamos certos, e eles errados?

Além de que, se realmente nós, ou qualquer outra pessoa, lhes ficasse com o gato, o mais certo seria arranjarem outro, e tudo se repetir.

 

 

Por isso, vamos esperando que ele se vá aguentando um dia após o outro, sem nos chegar a notícia de que apareceu sem vida, por aí, como aconteceu à Kikas.

As marcas de uma vida nas ruas

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A vida nas ruas pode não matar, mas deixa as suas marcas bem vincadas nos animais que são obrigados a lá sobreviver.

Não podendo entrar dentro de cada gato e saber o que têm a dizer da vida nas ruas, é certo que conseguimos encontrar gatos que parecem viver felizes assim, e outros que davam tudo por um lar.

De uma forma ou de outra, viver na rua têm os seus perigos, os seus riscos, e as suas consequências.

 

 

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A Boneca foi abandonada há quase 7 anos pela família que a tinha acolhido e, desde então, o seu lar tem sido a rua.

Quando a conheci, era uma gata extrememente dócil, mansa, submissa. Os outros gatos abusavam dela, e ela deixava. Era uma gata que se podia pegar à vontade, à qual podíamos fazer festas.

Com os anos, passou por várias gestações, tendo ficado sempre sem os seus filhotes, mortos pelo vizinho à nascença. 

Começou a ficar deprimida, a emagrecer, quase pensámos que iria morrer de desgosto.

Mas conseguiu dar a volta.

 

 

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Hoje, é uma gata que, se não estiver a ver, aceita algumas festinhas no lombo mas, mal vê a mão à sua frente, bufa e lança a pata. É desconfiada, não permite que se aproximem muito, embora venha ter connnosco e saiba que temos sempre algo para lhe dar, e um carinho para lhe fazer.

Hoje, é uma gata cujas orelhas acusam a destruição pelo sol, feridas, com crostas.

A Boneca é um bom exemplo daquilo que as ruas podem fazer a um animal.

 

 

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Sim, ela vive nas ruas, e ainda está viva. Mas sabe-se lá as doenças que não terá apanhado, os parasitas que não terá, o sofrimento que ela já passou, e de que forma isso marcou a sua personalidade.

Hoje, é uma Boneca "calejada" a que nos aparece à porta de vez em quando.

E deixa-nos sempre um duplo sentimento: de alegria, por estar viva e ainda nos conhecer, e de tristeza, por ver no que ela se tornou...

Gatos (Kedi) - O documentário sobre os gatos de Istambul

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Vi-o ontem e, confesso, talvez pela paixão que tenho por estes animais, ou pela expectativa que tinha criado em relação a este documentário, há muito aguardado entre nós, fiquei um pouco decepcionada. Esperava mais. 

Não vos posso dizer que seja um daqueles documentários que nos empolga, que nos faz ficar de olhos bem abertos e atentos a tudo. Na verdade, é provável que, visto à noite, dê algum sono. Também fica um pouco confuso para quem vê a primeira vez, porque nem sempre sabemos de que gato estão a falar, a não ser que já conheçamos previamente, um pouco de cada um deles.

Mas isso não significa que não seja interessante, e não tenha momentos em que, simplesmente, ficamos rendidos a estes seres tão independentes, desenrascados, majestosos, misteriosos, lutadores, com tanto para dar e para ensinar.

 

 

Ceyda Torum apresenta, de entre os milhares de gatos que vivem nas ruas de Istambul, e que acabam por entrar como figurantes em algumas cenas, 7 gatos, com personalidades muito diferentes entre si:

 

Sari – o documentário começa por nos mostrar Sari, uma gata laranja e branca, que passa o tempo quase todo a pedinchar comida a quem encontra pelo caminho, seja numa esplanada, ou noutro local qualquer. No entanto, desenganem-se se pensam que ela é uma lambona que faz da comida a sua única ocupação. Logo em seguida, percebemos que ela leva a comida na boca, para junto dos seus filhotes, para que eles se possam alimentar.

Sari vive na Torre Galata, em Beyoglu.

 

 

Bengü – em seguida, conhecemos Bengü, que vive num bairro industrial onde já conquistou moradores e trabalhadores, tendo roubado o coração de um mecânico, que vemos acariciá-la na sua oficina. E o que ela gosta de festinhas! Rebola-se de um lado para o outro, ronrona, pede mais. Mas a cena que mais achei graça foi aquela em que ela está a ser escovada, toda derretida, como uma rainha! Ou aquela em que ela protege os seus filhotes de um outro gato, como uma mãe leoa!

Acho-a muito parecida com a nossa Amorinha, tanto pela sua meiguice como algumas expressões que faz.

 

  

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Psikopat – quem diria que no mundo felino também existem psicopatas?! A Psikopat vive no bairro de Samatya, uma das partes mais antigas da cidade e, ao que parece, é ela que manda por ali e, até, no namorado! 

Ela não teme nada nem ninguém, mas intimida o seu companheiro, e mantém os rivais fora do seu território, tenho ganhado o respeito dos vendedores do bairro, pescadores e até dos cães.

Psikopat aparece frequentemente numa casa de chá, escondida atrás de uma antiga igreja.

 

 

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Deniz – vive no Feriköy Organic Market, tendo-se tornado na mascote do mercado. Foi ali parar em pequeno e, no início, tinha receio das pessoas e não deixava ninguém tocar-lhe mas, com o tempo, foi ganhando confiança, e não passa sem os mimos dos vendedores e clientes do mercado. Entre as suas tarefas diárias ele costuma subir toldos, esconder-se atrás das bancas, adormecer em caixas de chá, espreitar dor debaixo dos aventais das mulheres, e aborrecer outros gatos!

 

 

Aslan Parçasi – também conhecido como "O Caçador", está no bairro de Kandilli, onde tem como missão afastar os ratos de um famoso restaurante de peixe que ali se situa. Numa das cenas, vê-se um rato, ou ratazana, dado o seu tamanho, a dar-lhe baile, e é muito engraçado. Mas a verdade é que, mesmo não os caçando sempre, mantém os mesmos afastados, acabando por ser recompensado pelos seus esforços.

Normalmente, dorme o dia todo e caça à noite, e adora apreciar a vista panorâmica que observa ali do porto, enquanto se banha ao sol. 

 

 

Duman – o Aristogato, vive no bairro Nişantaşi, e fez uma aliança com os proprietários de uma "delicatessen" muito elegante. Tem este apelido porque, como um verdadeiro aristocrata, ele espera que o sirvam, e até chama os "garçons" quando tem fome, através da sua assinatura de marca - pata na janela - sabendo que virão parar à sua mesa, com frequência, carnes fumadas e queijos especiais. Nunca entra ou implora por comida.

No entanto, como bom gato de rua, e mostrando a sua outra faceta, também se enfia em latas de lixo!

 

 

Gamsiz – chegou, um dia, a uma padaria no bairro de Cihangir (o bairro dos artistas originais que se tornou um paraíso para os gatos) e, desde então, todos os dias lá volta, sabendo que tem por ali tudo o que precisa para ser feliz. Os donos da padaria cuidam dele, alimentando-o, pagando as consultas do veterinário, e até o castraram, para que parasse de lutar com outros gatos do bairro.

Costuma dormir no balcão da padaria, mas também é perito em subir até aos sítios mais altos que se possa imaginar.  Conhece todos os seus vizinhos humanos mas, para além do tratamento especial do padeiro, também é muito amado por uma actriz, que tem gatos em casa e vai recebendo a visita de outros tantos, incluindo Gamsiz.

 

O que nos é dado a conhecer? 

Ao mesmo tempo que nos é mostrado um pouco da vida de cada um destes gatos, é-nos dado a conhecer o modo de vida dos habitantes naqueles bairros, sempre com música turca de fundo, para nos ambientar.

Através deste documentário, ficamos a conhecer as vidas destas pessoas, tão diferentes, a partir da sua relação com os gatos. Um pescador a dar biberão a gatinhos bebés, e a razão pela qual passou a cuidar deste animais. Um outro homem com vários sacos de peixe, que distribui por dezenas de gatos. Uma mulher que perdeu a sua gata, e passou a tentar atenuar a dor, ajudando outros gatos.

 

Também nos mostra vários locais da cidade, desde as ruas de maior movimento, às vielas, dos becos às as docas, dos telhados aos estabelecimentos mais frequentados.

 

Achei curiosa a forma como os gatos, naquela região, são tão independentes e respeitados, algo que as mulheres ainda lutam diariamente por conquistar. De facto, quase todas as pessoas entrevistadas enaltecem os gatos, não só como um símbolo cultural da cidade, mas pelo papel importante que estes tiveram em determinado momento na sua vida.

 

Por outro lado, era desnecessário evidenciar a eterna rivalidade entre cães e gatos, desvalorizando os primeiros, e sobrevalorizando os segundos quando, por exemplo, um dos habitantes afirma que os gatos são mais inteligentes.

 

Em Istambul, podemos encontrar, também na arte, a presença felina. E comedouros e bebedouros colectivos nas ruas, com um recado muito curioso, para os humanos que se atreverem a mexer ou roubar aquilo que pertence aos gatos!

 

Por parte dos protagonistas humanos do documentário, estas foram algumas das frases proferidas acerca dos felinos:

 

"São como pessoas" 

"Se você não ama os animais, também não pode amar as pessoas".

Ter uma relação com um gato é quase como ser amigo de um alienígena"

"Os cães acham que os humanos são Deus. Os gatos sabem que não somos Deus, mas apenas seus intermediários. Os gatos são mais inteligentes."

 

O documentário já está disponível em DVD.

 

Deixo-vos aqui o trailer: 

 

Animais nas ruas: para reflectir...

 

A vida de um gato, nas ruas, pode ser emocionante, divertida...

Podem brincar ao ar livre, descobrir novos esconderijos e tocas, ir onde quiserem sem ninguém atrás deles...

 

Mas...

 

É uma vida dura, em que estão dependentes daquilo que caçarem para comer, ou da boa vontade das pessoas que lhes dêem comida para não passarem fome, e água para não morrerem de sede...

É uma vida dura, em que estão sujeitos aos perigos das ruas, de outros animais que lutam, como eles, pela sobrevivência ou, simplesmente, atacam por atacar, às maldades do ser humano que abomina animais e acham que eles deviam morrer...

É uma vida dura, em que podem não ter onde se abrigar do frio, da chuva, da trovoada...Em que não têm a quem recorrer quando sentem medo...Em que podem ficar doentes e não ter ninguém que os trate, que os leve ao veterinário, que cuide deles...

 

Enquanto os nossos gatos estão "presos" num lar com tudo aquilo que precisam, outros estão "livres" para o bem e para o mal...

 

Se os gatos que vivem na rua falassem e pudessem escolher o seu destino, o que diriam eles?

Este do vídeo, sabemos bem o que deve estar a sentir, mesmo sem nada dizer...