Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!
Este blog pertence a todos os gatos que andam aqui pela plataforma do Sapo, e que pretendem contar as suas aventuras do dia a dia, dar conselhos, partilhar experiências e conhecimentos, e dar-vos a conhecer o mundo dos felinos!
Tinha apresentando aqui ao clube a Gli, a gata que fez de Hagia Sophia a sua casa e se tornou um dos maiores ícones da Turquia. O animal 'guardava' as instalações e era o cartão de boas vindas para muitos visitantes da basílica que foi reconvertida em mesquita este verão.
Dezasseis anos depois de ter vindo ao mundo, Gli não resistiu e morreu numa clínica veterinária da capital turca, onde recebia tratamentos desde 24 de setembro.
A gata acarinhada por todos os visitantes recebeu mesmo figuras máximas da política internacional. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, foi um dos visitantes que não conseguiu ignorar o felino e chegou mesmo a acariciar Gli perante as câmaras, aquando da sua visita à Turquia em 2009.
Gli contava com mais de 130 mil seguidores no Instagram e era acarinhada por milhões de turistas.
De certo que naquele pais e naquele lugar jamais será esquecida. Mais um felino que estará no céu dos gatos!
Noticia partilhada no Correio da Manhã, a 12 de Novembro de 2020.
Vi-o ontem e, confesso, talvez pela paixão que tenho por estes animais, ou pela expectativa que tinha criado em relação a este documentário, há muito aguardado entre nós, fiquei um pouco decepcionada. Esperava mais.
Não vos posso dizer que seja um daqueles documentários que nos empolga, que nos faz ficar de olhos bem abertos e atentos a tudo. Na verdade, é provável que, visto à noite, dê algum sono. Também fica um pouco confuso para quem vê a primeira vez, porque nem sempre sabemos de que gato estão a falar, a não ser que já conheçamos previamente, um pouco de cada um deles.
Mas isso não significa que não seja interessante, e não tenha momentos em que, simplesmente, ficamos rendidos a estes seres tão independentes, desenrascados, majestosos, misteriosos, lutadores, com tanto para dar e para ensinar.
Ceyda Torum apresenta, de entre os milhares de gatos que vivem nas ruas de Istambul, e que acabam por entrar como figurantes em algumas cenas, 7 gatos, com personalidades muito diferentes entre si:
Sari – o documentário começa por nos mostrar Sari, uma gata laranja e branca, que passa o tempo quase todo a pedinchar comida a quem encontra pelo caminho, seja numa esplanada, ou noutro local qualquer. No entanto, desenganem-se se pensam que ela é uma lambona que faz da comida a sua única ocupação. Logo em seguida, percebemos que ela leva a comida na boca, para junto dos seus filhotes, para que eles se possam alimentar.
Sari vive na Torre Galata, em Beyoglu.
Bengü – em seguida, conhecemos Bengü, que vive num bairro industrial onde já conquistou moradores e trabalhadores, tendo roubado o coração de um mecânico, que vemos acariciá-la na sua oficina. E o que ela gosta de festinhas! Rebola-se de um lado para o outro, ronrona, pede mais. Mas a cena que mais achei graça foi aquela em que ela está a ser escovada, toda derretida, como uma rainha! Ou aquela em que ela protege os seus filhotes de um outro gato, como uma mãe leoa!
Acho-a muito parecida com a nossa Amorinha, tanto pela sua meiguice como algumas expressões que faz.
Psikopat – quem diria que no mundo felino também existem psicopatas?! A Psikopat vive no bairro de Samatya, uma das partes mais antigas da cidade e, ao que parece, é ela que manda por ali e, até, no namorado!
Ela não teme nada nem ninguém, mas intimida o seu companheiro, e mantém os rivais fora do seu território, tenho ganhado o respeito dos vendedores do bairro, pescadores e até dos cães.
Psikopat aparece frequentemente numa casa de chá, escondida atrás de uma antiga igreja.
Deniz – vive no Feriköy Organic Market, tendo-se tornado na mascote do mercado. Foi ali parar em pequeno e, no início, tinha receio das pessoas e não deixava ninguém tocar-lhe mas, com o tempo, foi ganhando confiança, e não passa sem os mimos dos vendedores e clientes do mercado. Entre as suas tarefas diárias ele costuma subir toldos, esconder-se atrás das bancas, adormecer em caixas de chá, espreitar dor debaixo dos aventais das mulheres, e aborrecer outros gatos!
Aslan Parçasi – também conhecido como "O Caçador", está no bairro de Kandilli, onde tem como missão afastar os ratos de um famoso restaurante de peixe que ali se situa. Numa das cenas, vê-se um rato, ou ratazana, dado o seu tamanho, a dar-lhe baile, e é muito engraçado. Mas a verdade é que, mesmo não os caçando sempre, mantém os mesmos afastados, acabando por ser recompensado pelos seus esforços.
Normalmente, dorme o dia todo e caça à noite, e adora apreciar a vista panorâmica que observa ali do porto, enquanto se banha ao sol.
Duman – o Aristogato, vive no bairro Nişantaşi, e fez uma aliança com os proprietários de uma "delicatessen" muito elegante. Tem este apelido porque, como um verdadeiro aristocrata, ele espera que o sirvam, e até chama os "garçons" quando tem fome, através da sua assinatura de marca - pata na janela - sabendo que virão parar à sua mesa, com frequência, carnes fumadas e queijos especiais. Nunca entra ou implora por comida.
No entanto, como bom gato de rua, e mostrando a sua outra faceta, também se enfia em latas de lixo!
Gamsiz – chegou, um dia, a uma padaria no bairro de Cihangir (o bairro dos artistas originais que se tornou um paraíso para os gatos) e, desde então, todos os dias lá volta, sabendo que tem por ali tudo o que precisa para ser feliz. Os donos da padaria cuidam dele, alimentando-o, pagando as consultas do veterinário, e até o castraram, para que parasse de lutar com outros gatos do bairro.
Costuma dormir no balcão da padaria, mas também é perito em subir até aos sítios mais altos que se possa imaginar. Conhece todos os seus vizinhos humanos mas, para além do tratamento especial do padeiro, também é muito amado por uma actriz, que tem gatos em casa e vai recebendo a visita de outros tantos, incluindo Gamsiz.
O que nos é dado a conhecer?
Ao mesmo tempo que nos é mostrado um pouco da vida de cada um destes gatos, é-nos dado a conhecer o modo de vida dos habitantes naqueles bairros, sempre com música turca de fundo, para nos ambientar.
Através deste documentário, ficamos a conhecer as vidas destas pessoas, tão diferentes, a partir da sua relação com os gatos. Um pescador a dar biberão a gatinhos bebés, e a razão pela qual passou a cuidar deste animais. Um outro homem com vários sacos de peixe, que distribui por dezenas de gatos. Uma mulher que perdeu a sua gata, e passou a tentar atenuar a dor, ajudando outros gatos.
Também nos mostra vários locais da cidade, desde as ruas de maior movimento, às vielas, dos becos às as docas, dos telhados aos estabelecimentos mais frequentados.
Achei curiosa a forma como os gatos, naquela região, são tão independentes e respeitados, algo que as mulheres ainda lutam diariamente por conquistar. De facto, quase todas as pessoas entrevistadas enaltecem os gatos, não só como um símbolo cultural da cidade, mas pelo papel importante que estes tiveram em determinado momento na sua vida.
Por outro lado, era desnecessário evidenciar a eterna rivalidade entre cães e gatos, desvalorizando os primeiros, e sobrevalorizando os segundos quando, por exemplo, um dos habitantes afirma que os gatos são mais inteligentes.
Em Istambul, podemos encontrar, também na arte, a presença felina. E comedouros e bebedouros colectivos nas ruas, com um recado muito curioso, para os humanos que se atreverem a mexer ou roubar aquilo que pertence aos gatos!
Por parte dos protagonistas humanos do documentário, estas foram algumas das frases proferidas acerca dos felinos:
"São como pessoas"
"Se você não ama os animais, também não pode amar as pessoas".
Ter uma relação com um gato é quase como ser amigo de um alienígena"
"Os cães acham que os humanos são Deus. Os gatos sabem que não somos Deus, mas apenas seus intermediários. Os gatos são mais inteligentes."